
O menino da praça
Era tarde de domingo e muitos pais estavam com seus filhos em uma agradável praça pública.
Paulo também havia levado o seu filho. Enquanto o menino se divertia com os amiguinhos, o pai atento sentou-se em um dos bancos e contemplava feliz aquela cena. As crianças corriam, pulavam de brinquedo em brinquedo, andavam de patins, uma alegria só.
Aquelas imagens mexiam com os sentimentos daquele pai que se sentia renovado só em ver aquela explosão de saúde e diversão.
Em certo momento, Paulo ouviu uma criança lhe chamando:
– Tio,… Ô tio, eu sou o Pedrinho!
Procurando identificar quem havia lhe chamado, olhou para o lado esquerdo e viu um menino se aproximando rápido em uma bicicleta adaptada aos efeitos da paralisia infantil.
Ao mesmo tempo em que se sentiu envolvido na alegria daquele sorriso espontâneo e cativante do jovem, também lamentou suas condições físicas e a sua impossibilidade de brincar da mesma forma que as demais crianças.
Pedrinho, por sua vez, já ia mais adiante, cumprimentando a todos com quem cruzava pelo caminho. Paulo só teve tempo de ensaiar um sorriso desajeitado e estender uma das mãos para o menino. Foi tão rápido, mas o suficiente para perceber que o garoto era de uma simpatia encantadora.
Logo em seguida, passou o pai do menino. Acompanhava-o com poucas palavras, mas parecia também estar em sintonia com a felicidade do seu filho.
Como Paulo também era pai, médium intuitivo e confiante nas possibilidades da reencarnação, exclamou no silêncio da alma:
– Situação nada fácil para um pai… Quantos comprometimentos em vidas passadas devem ter levado o menino àquela condição de limitação física?
Mas de imediato ouviu uma voz bem clara em sua mente, esclarecendo:
– Amado irmão, a criança que julgas portadora de demasiados débitos possui méritos morais e intelectuais que em muito transcendem os seus. Não se deixe enganar na limitação de seus conhecimentos e nas imagens restritas que te permitem os olhos.
Paulo silenciou a alma e agradeceu, em prece, a orientação recebida.
* * *
Trinta e três itens do Capítulo VII, do livro “O Céu e o Inferno”, publicado por Allan Kardec em 01 de agosto de 1865, apresentam o “Código Penal da Vida Futura”. Cada item deixa claro o quanto nossas imperfeições nos levam a contrair débitos no decorrer de nossas encarnações.
Para repará-los não basta somente o arrependimento, embora este já seja o primeiro passo. Há a necessidade da expiação e da reparação de nossas faltas.
Seguindo este princípio, resumido na expressão “a cada um segundo as suas obras”, se em vidas anteriores cometemos delitos contra nossos irmãos ou contra nós mesmos, infringindo as Leis Divinas, em algum momento teremos que quitar estes débitos. (1)
Por outro lado, há espíritos que encarnam para realizar alguma missão. Seja ela de menor ou de maior magnitude, podem limitar sua atuação ao ambiente familiar ou atuar em ações sem fronteiras. (2)
Quantas crianças como Pedrinho encarnam com objetivos sublimes? Alguns nem ficam tanto tempo no plano carnal. Nascem com limitações físicas críticas que os levam a desencarnar ainda na flor da idade. Porém, mesmo em um curto período de tempo, contribuem para sensibilizar os pais e tantas outras pessoas a valorizarem mais cada momento na vida e a entenderem a grande mensagem de amor escrita por Deus em nossos corações.
Márcio Martins da Silva Costa
Referências Bibliográficas:
(1) KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno, ou, a justiça divina segundo o espiritismo. 61. ed. Brasília: FEB, 2013. 407 p.
(2) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 4. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2013. Questão nº 132. 510 p.
Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em <https://i.ytimg.com/vi/FVCoLquFUZE/maxresdefault.jpg>.
Link do Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=P82K3H_053g
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