A voz que cria

Maria Lúcia Garbini Gonçalves
01/09/2017
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No mundo atual estamos tão preocupados com o que comemos para não engordar, ou para não aumentar o colesterol, ou os triglicerídeos ou o açúcar no sangue, e por aí afora, mas poucos de nós têm a consciência de que, dependendo do que sai de nossa boca quando falamos, podemos abrir feridas profundas em alguém ou curar as feridas de alguém.

Não é à toa que Jesus disse em uma de suas pregações aos fariseus e escribas: Não é o que entra na boca que torna comum (impuro) o homem, mas o que sai da boca, isso torna comum o homem. (Mateus 15:11)

O jeito como falamos é a expressão do nosso conteúdo interno. Se estivermos carregando em nossos corações sentimentos negativos, tais como orgulho ofendido, desejos de vingança, ou ódio em relação aos que não concordam conosco, na primeira desavença com alguém, lançaremos através de nossa voz uma carga de raios destruidores, prejudicando a eles e a nós mesmos, pela Lei de Ação e Reação. Todos nós já soubemos de brigas verbais que acabaram em assassinatos, destruíram casamentos, ou acabaram com projetos que poderiam ser muito bons.

Recentemente, foi feita uma reportagem num noticiário de TV sobre um condomínio residencial onde havia muitas brigas e desavenças entre os moradores. O síndico resolveu o problema. Usando sua voz de autoridade, reuniu-se com os envolvidos e houve um acordo em que todos cediam um pouco e mudariam o jeito como tratavam o vizinho, sendo mais gentis e compreensivos. A simples mudança de atitude criou a paz naquele condomínio.

No livro “Entre a Terra e o Céu”, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Irmã Clara, no capítulo vinte, dá uma lição sobre o poder de nossa voz quando falamos:

Conforme estudamos na noite de hoje, a palavra, qualquer que ela seja, surge invariavelmente dotada de energias elétricas específicas, libertando raios de natureza dinâmica. A mente, como não ignoramos, é o incessante gerador de força, por intermédio dos fios positivos e negativos do sentimento e do pensamento, produzindo o verbo, que é sempre uma descarga eletromagnética, regulada pela voz. Por isso mesmo, em todos os nossos campos de atividade, a voz nos tonaliza a exteriorização, reclamando apuro de vida interior, uma vez que a palavra, depois do impulso mental, vive na base da criação; é por ela que os homens se aproximam e se ajustam para o serviço que lhes compete e, pela voz, o trabalho pode ser favorecido ou retardado, no espaço e no tempo.

Que poder temos na voz!

A voz humana cantada magnetiza os que a ouvem. Choramos, sensibilizados, por vozes lindas que nos encanta o coração. A mãe cantando a canção de ninar acalma a criança, pois a magnetiza com o seu coração cheio de Amor. Quantos levantaram o ânimo depois de ouvir uma voz com palavras carinhosas e consoladoras? Quantos não lavaram a alma divertindo-se com vozes alegres e festivas?

Como não terá sido maravilhoso para os que tiveram o privilégio de ouvir a voz suave e bondosa de Jesus. Ele só precisava falar aos doentes para curá-los, tal o poder que emana.

Abençoadas vozes dos médiuns que transmitiram para Allan Kardec a nossa Doutrina dos Espíritos de Luz, a Terceira Revelação.

Pensemos na responsabilidade dos grandes líderes de nosso planeta, agora e no passado. Alguns deles movimentaram a energia de suas vozes para atingir objetivos vis, como Hitler ao hipnotizar muitas pessoas para o mal, de tal modo, que até hoje alguns deles reencarnam na Terra, dominadas por suas ideias de preconceito racial e intolerância. Mas muitos outros líderes levantaram suas vozes por causas nobres, como Mahatma Gandhi que lutou pela independência da Índia, ou como Nelson Mandela, que lutou contra a política de segregação racial e social. Eles expressaram suas indignações frente às injustiças sociais e se fizeram ouvir. Quantas vidas foram transformadas para melhor por eles!

Pensemos na responsabilidade dos pais e professores que falam a uma juventude que deverá ser os futuros professores, médicos, advogados, políticos, engenheiros ou presidentes. Eles têm uma imensa responsabilidade de passar os valores que dignificam e humanizam o ser humano.

Somos os produtos de todas as nossas experiências e das vozes que ouvimos ao longo de nossas vidas e que, querendo ou não, influenciaram-nos de algum modo. Naturalmente que, isso é normal, somos seres sociais para aprendermos e ensinarmos uns aos outros. Então, há que se ter muito cuidado e coerência no modo como falamos e agimos, pois neste momento nossas vozes influenciam as novas gerações que estão reencarnadas agora.

Deste modo, somos todos co-criadores com os nossos pensamentos, a nossa voz e nossos atos. Essa é a nossa semelhança para com Deus e Jesus, o nosso irmão Maior, manso e humilde de coração. Com Sua voz pregou belas lições que foram perpetuadas em Seu Evangelho, para nós.

Cabe a nós agora sermos os porta-vozes dessas lições de Amor, construindo uma nova era juntos.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves

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