São infinitas as oportunidades de trabalhar a humildade

Francisco Rebouças
14/02/2018
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O Ser humano continua abrigando em seu mundo íntimo, há milênios, uma quantidade imensa de ideias egoístas de superioridade, que o torna arrogante, acha-se muitas das vezes o máximo, o insubstituível, o tal neste ou naquele assunto.

Chega mesmo ao cúmulo de pensar que sem sua presença nada poderá ser resolvido, não levando em conta que desde o surgimento do mundo, os Seres criados por Deus se revezam nas idas e vindas do processo reencarnatório, e que quando ele aqui não está as coisas são resolvidas sem a sua “preciosa presença”, e que só por esse fato, sua pretensão não tem qualquer fundamento, visto que as funções que hoje exerce, terão que ser executadas por outro indivíduo em sua ausência.

Esquece ele que as obras de construção no universo são elaboradas e realizadas sob a supervisão de Espíritos Sábios, que cumprem com esmero os desígnios de Deus, e por isso mesmo, os mínimos detalhes são devidamente observados de forma a garantir o sucesso do empreendimento no cumprimento da Lei do Progresso, porque também os mundos além dos homens precisam avançar moral e espiritualmente.

Embora os Espíritos Superiores nos garantam ser importante e necessária a nossa participação nesse grandioso trabalho de elevação moral e intelectual do planeta, não nos dá o direito de nos julgarmos mais importantes do que na verdade somos. Devemos ao contrário nos dedicar a realizar a parte que nos cabe na obra de transformação e engrandecimento da Terra, com toda simplicidade e humildade, pois sabemos que estaremos sempre subordinados a uma Inteligência Superior que a todos supera e coordena.

O Próprio Allan Kardec, codificador da mensagem consoladora e esclarecedora da doutrina espírita recebeu a informação de que, se ele por algum motivo desistisse da missão que lhe havia sido proposta, mesmo assim o Consolador Prometido por Jesus nos chegaria da mesma forma como foi por ele trazido, conforme segue.

MEU SUCESSOR

“Tendo uma conversação com os Espíritos levado a falar do meu sucessor na direção do Espiritismo, formulei a questão seguinte:

Pergunta — Entre os adeptos, muitos há que se preocupam com o que virá a ser do Espiritismo depois de mim e perguntam quem me substituirá quando eu partir, uma vez que não se vê aparecer ninguém, de modo notório, para lhe tomar as rédeas.

Respondo que não nutro a pretensão de ser indispensável; que Deus é extremamente sábio para não fazer que uma doutrina destinada a regenerar o mundo assente sobre a vida de um homem; que, ao demais, sempre me avisaram que a minha tarefa é a de constituir a Doutrina e que para isso tempo necessário me será concedido. A do meu sucessor será, pois, mais fácil, porquanto já achará traçado o caminho, bastando que o siga. Entretanto, se os Espíritos julgassem oportuno dizer-me a respeito alguma coisa de mais positivo, eu muito grato lhes ficaria.

Resposta — Tudo isso é rigorosamente exato — eis o que se nos permite dizer-te a mais.

Tens razão em afirmar que não és indispensável; só o és ao ver dos homens, porque era necessário que o trabalho de organização se concentrasse nas mãos de um só, para que houvesse unidade; não o és, porém, aos olhos de Deus. Foste escolhido e por isso é que te vês só; mas, não és, como, aliás, bem o sabes, a única entidade capaz de desempenhar essa missão. Se o seu desempenho se interrompesse por uma causa qualquer, não faltariam a Deus outros que te substituíssem. Assim, aconteça o que acontecer, o Espiritismo não periclitará.

Enquanto o trabalho de elaboração não estiver concluído, é, pois, necessário sejas o único em evidência: fazia-se mister uma bandeira em torno da qual pudessem as gentes agrupar-se. Era preciso que te considerassem indispensável, para que a obra que te sair das mãos tenha mais autoridade no presente e no futuro; era preciso mesmo que temessem pelas conseqüências da tua partida.

Se aquele que te há de substituir fosse designado de antemão, a obra, ainda não acabada, poderia sofrer entraves; formar-se-iam contra ti oposições suscitadas pelo ciúme; discuti-lo-iam, antes que ele desse provas de si; os inimigos da Doutrina procurariam barrar-lhe o caminho, resultando daí cismas e separações. Ele, portanto, se revelará, quando chegar o momento.

Sua tarefa será assim facilitada, porque, como dizes, o caminho estará todo traçado; se ele daí se afastasse, perder-se-ia a si próprio, como já se perderam os que hão querido atravessar-se na estrada. A referida tarefa, porém, será mais penosa noutro sentido, visto que ele terá de sustentar lutas mais rudes. A ti te incumbe o encargo da concepção, a ele o da execução, pelo que terá de ser homem de energia e de ação. Admira aqui a sabedoria de Deus na escolha de seus mandatários: tu possuis as qualidades que eram necessárias ao trabalho que tens de realizar, porém não possuis as que serão necessárias ao teu sucessor. Tu precisas da calma, da tranqüilidade do escritor que amadurece as idéias no silêncio da meditação; ele precisará da força do capitão que comanda um navio segundo as regras da Ciência. Exonerado do trabalho de criação da obra sob cujo peso teu corpo sucumbirá, ele terá mais liberdade para aplicar todas as suas faculdades ao desenvolvimento e à consolidação do edifício.

 P.— Poderás dizer-me se a escolha do meu sucessor já está feita?

 R.— Está, sem o estar, dado que o homem, dispondo do livre-arbítrio, pode no último momento recuar diante da tarefa que ele próprio elegeu. É também indispensável que dê provas de si, de capacidade, de devotamento, de desinteresse e de abnegação. Se se deixasse levar apenas pela ambição e pelo desejo de primar, seria certamente posto de lado.

 P.— Frequentemente se há dito que muitos Espíritos encarnariam para ajudar o movimento.

 R — Sem dúvida, muitos Espíritos terão essa missão, mas cada um na sua especialidade, para agir, pela sua posição, sobre tal ou tal parte na sociedade. Todos se revelarão por suas obras e nenhum por qualquer pretensão à supremacia”.

Ségur, 9 de agosto de 1863
(Médium: Sr. d’A…)

Observamos nas respostas a ele endereçadas pelos Espíritos Superiores, que tudo estava absolutamente planejado, e não sofreria solução de continuidade, visto que como lhe foi esclarecido no texto acima, mas, não és, como, aliás, bem o sabes, a única entidade capaz de desempenhar essa missão”. Assim também cada um de nós precisa fazer uma profunda reflexão sobre nossas reais possibilidades de desempenhar com esmero e dedicação as abençoadas oportunidades de servir que nos estão confiadas pela Providência Divina, certos de que não seremos os únicos a desempenhar as grandes ou pequenas missões sob nossa responsabilidade.

Urge entendermos que quanto mais nos empenharmos na execução digna e correta das nossas tarefas como Espíritos em processo de crescimento no trabalho imprescindível de burilamento, na estrada evolutiva a caminho da angelitude mais nos credenciaremos a novas maiores e melhores oportunidades de servir aos soberanos desígnios da Divindade.

Francisco Rebouças

Referência:
Kardec, Allan – Obras Póstumas, FEB, 13ª Edição – Segunda parte – Meu Sucessor.

Nota do autor:
Grifos Nossos.

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