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Bem-Aventurados os Mansos e Pacíficos – Cólera

dezembro 3, 2018

Por que ficamos encolerizados?

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, o capítulo 9 traz a seguinte passagem:

“Pesquisai a origem desses acessos de demência passageira que vos assemelham ao bruto, fazendo-vos perder o sangue frio e a razão; pesquisai e, quase sempre, deparareis com o orgulho ferido”.

Como podem ver, o orgulho está por trás de tudo aquilo que nos prejudica e faz mal. Por isso Jesus combateu o orgulho e o egoísmo com tanta veemência. Basta ficarmos encolerizados para então nos assemelharmos ao personagem “Incrível Hulk”.

Já pararam para pensar que essa pessoa não pode ser contrariada, pois transforma-se nesse monstro? Qual a diferença conosco? O próprio Evangelho em seu capítulo 10, item 10, diz:

“Para julgar-se a si mesmo, seria preciso poder olhar seu íntimo num espelho, transportar-se de algum modo para fora de si, se isso fosse possível, e se considerar como uma outra pessoa, perguntando-se: O que eu pensaria se visse alguém fazendo o que faço? Indiscutivelmente, o orgulho faz com que o homem disfarce seus próprios defeitos, tanto morais quanto físicos”.

Observem que, novamente, em outro capítulo, o Evangelho fala do orgulho. Sendo a causa de muitos males, a cólera não deixa espaço para a reflexão. Ela transporta a criatura rebelde para uma zona de desequilíbrio e a transforma em vítima (síndrome do patinho feio). Encolerizados, comprometemo-nos através da palavra, e acabamos falando coisas que não gostaríamos, fazendo coisas que acabamos por nos arrepender mais tarde.

No artigo 16, capítulo 7, na primeira parte do livro O Céu e Inferno, encontramos:

“O arrependimento, conquanto seja o 1° passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação”.

Isso vem ao encontro com o que acabei de dizer. Quando falo por impulso (encolerizado), digo coisas que não gostaria e logo em seguida vem o arrependimento.

Pois bem. Vamos dar um pequeno exemplo: eu falei coisas que não gostaria e me senti arrependido. O que adiantou isso para o ofendido? Nada. Então, além de arrependido, senti-me culpado. Ainda assim, adiantou alguma coisa para aquele que ofendi? Também não. Então o que diz o livro? Observe dois parágrafos acima.

Eu me ARREPENDI (1º passo), EXPIEI sofrendo com a culpa (2º passo), mas preciso partir para o terceiro passo que é a REPARAÇÃO.

Mas até para o pedido de desculpas (que é a reparação), eu preciso estar preparado. Como? A pessoa pode não estar preparada para aceitar meu pedido, e se eu não estiver preparado para aceitar isso, corro o risco de acionar meu mecanismo de defesa (orgulho) e inverter a situação. Vou dar um exemplo:

– Eu chego até a pessoa para me desculpar. Ela me agride, verbalmente, por sentir-se machucada com minhas palavras. Eu não estando preparado para ouvir, saio machucado agora com as palavras dela.

Torna-se necessário que eu esteja preparado para tal situação, porque a pessoa pode estar mais magoada do que imagino e, se isso acontecer, ela vai revidar. É necessário dar o tempo que ela precisar para digerir o assunto e também analisar meu pedido de desculpas.

Daí a importância da reforma interior, base mater da Doutrina Espírita, quando Kardec define-a como:

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e os esforços que emprega para vencer as suas más inclinações”.

E complementa dizendo:

“…espíritas imperfeitos são aqueles que corrigem as pessoas para que se encaixem em nosso modelo de expectativa e transformam as diferenças dos outros em defeitos”.

– E como lidar com essa situação?

Podemos finalizar com as palavras de João, Bispo de Bordeaux – 1862:

“Quando perdoardes aos vossos irmãos, não vos contenteis em estender o véu do esquecimento sobre suas faltas. Esse véu é, muitas vezes, bastante transparente aos vossos olhos, e é preciso acrescentar-lhe o amor ao mesmo tempo que o perdão. Fazei por eles o que pediríeis que vosso Pai Celeste fizesse por vós. Trocai a cólera que desonra pelo amor que purifica. Pregai e exemplificai essa caridade ativa, incansável, que Jesus vos ensinou. Pregai como Ele próprio fez durante o tempo em que viveu na Terra, visível aos olhos do corpo, e como ainda a prega sem cessar, desde que se tornou visível apenas aos olhos do Espírito. Segui o Divino Modelo, segui os seus passos, que vos conduzirão ao lugar de refúgio onde encontrareis o repouso após a luta. Como Ele, carregai todos a vossa cruz e subi, sofridamente, mas com coragem, o vosso calvário: a glorificação está no cimo”.

Francisco Ortolan

bem aventurados os mansos e pacíficos

Francisco Ortolan
Francisco Ortolan

Francisco Ortolan é representante comercial, espírita há 28 anos, orador espírita há 15 anos e um dos fundadores da Comunidade Espírita Cristã Esperança em Fernandópolis/SP.

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