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A Evolução do Amor

abril 22, 2019

O Doutor Leonel de Souza
Dono de terra e dinheiro,
Trazia a cabeça em fogo,
Hora a hora, dia inteiro.

Tinha uma filha somente,
A jovem Ana Maria,
Que lhe dera ao coração
A presença da alegria.

Ela, porém, namorava
O jovem Joaquim Mutamba,
Sempre juntos, noite a noite,
Lembravam corda e caçamba.

Sabendo que os dois se amavam
Com manifesta loucura,
O pai ficou alarmado
E disse à filha, insegura:

– “Ana Maria, você
Não mais procure Joaquim,
Considere o seu romance
Um caso que chega ao fim.

Largue, filha, enquanto é tempo,
Esse Joaquim do pé torto,
Um varredor de cinema
Não tem onde cair morto…”

A filha pediu, no entanto:
– “Pai, rogo à sua bondade,
Quero casar com Joaquim,
Já temos intimidade!…”

O velho esmurrou a mesa,
Dando mostra de machão,
E asseverou, irritado:
– “Não aceito, não e não!…”

O pai buscou, no outro dia,
Um famoso pistoleiro…
Queria um tiro no moço,
Pagaria bom dinheiro.

O pistoleiro, maldoso,
Que era pobre, muito pobre,
Comunicou ao cliente:
– “Sinto fome do seu cobre…”

Semana passa semana,
E o pistoleiro com jeito,
Derrubou Joaquim, a tiros,
Num crime duro e perfeito.

Ninguém viu a cena triste…
No povo, apenas mumunhas.
Buscou a polícia, em vão,
Informes e testemunhas.

Ana Maria chorou
Por muitos e muitos dias,
Parecia torturada
Por íntimas agonias…

O pai cercou-a de mimos,
Sentindo arrependimento
E a moça continuava
Toda entregue ao sofrimento…

Notei com grande surpresa
Que ela trazia de lado,
Em todo passo do dia,
Mutamba desencarnado.

Quatro anos se passaram…
Veio o estouro de repente;
A jovem Ana Maria
Teve um novo pretendente.

Era um rapaz educado,
Um competente engenheiro…
O pai fez o casamento
Gastando muito dinheiro.

Morrer não fora vantagem,
De coração renovado,
A moça trouxera à luz
O primeiro namorado.

Decorridos onze meses
Surgiu a reviravolta…
Um pequenino nasceu…
Era Mutamba, de volta.

Tudo era festa em família,
Felicidade, alegria…
O genro e o sogro, contentes,
Beijavam Ana Maria.

O pequenino ante o seio
Sugava o leite com gana
E eu ficava refletindo
Nas tricas da vida humana.

O avô, vendo o neto ativo
Parecendo esfomeado,
Exclamava, todo dia:
– “Eta, menino danado!…”

Livro: Agenda de Notícias

Chico Xavier/Jair Presente

Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier)
Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier)

Francisco Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier (Pedro Leopoldo, 2 de abril de 1910 — Uberaba, 30 de junho de 2002), foi um médium, filantropo e um dos mais importantes expoentes do Espiritismo.

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