Prisão e liberdade

Rogério Coelho
11/07/2019
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O conceito de liberdade e prisão altera-se com o esclarecimento superior

 “Jesus, o Mestre Incomparável, ensejar-nos-á
nossa libertação espiritual, elevando-nos  aos
Cimos Gloriosos da Vida Imperecível.”

– Francisco Cândido Xavier

A cena foi brutal e o Brasil inteiro assistiu ao covarde ataque do policial à dona da lanchonete porque ele pediu seu sanduíche com molho e ele lhe foi entregue sem molho!

A revolta foi geral!… Mas será que alguém se lembrou de fazer uma oração para o policial?  Para perpetrar tais barbáries, o pobre coitado só podia estar mergulhado em conflitos de variegada ordem e/ou desvairado na demência obsessiva ou provavelmente estressado pelo dia a dia de violência que enfrenta…  É evidente que aqui não estamos nem de longe defendendo seu ato ignóbil, mas tão somente tentando demonstrar o que faria nosso “Modelo e Guia” frente a um criminoso. Agiria, portanto, de maneira bem diferente da maioria dos comuns dos mortais.

Ademais, o amor a Jesus nos constrange a ter outra visão mais abrangente de todas as situações conforme carta de Paulo aos coríntios (II cor., 5:14).

Exemplos na história do Cristianismo não nos faltam. Mencionamos apenas um: Joanna de Cusa e seu filho na arena das feras do circo romano, quando ela diz ao soldado que  martirizava a ambos: Jesus me ensinou a te amar.
De posse dos conhecimentos hauridos nas límpidas fontes espiritistas, a criatura é levada a modificar a compreensão sobre o valor das coisas, longe da craveira comum, enxergando além das aparências… Conceitos que antes nada diziam, agora adquirem novo brilho e significado.

Ao observamos milhares de pessoas subjugadas por sintomas de esquizofrenia, reconhecemos nisto a prisão de agora que facultará a liberdade de amanhã. Todo esquizofrênico está incurso em um processo de autopunição que estender-se-á por várias reencarnações, sob o acicate de inenarráveis tormentos, até que estejam diluídas as causas da gênese do processo.

O conceito, pois, de liberdade e prisão, altera-se com o esclarecimento superior que desvela a causa dessa triste situação.  Muitos, no entanto, que se creem em liberdade, na verdade, são prisioneiros das próprias imperfeições; outros que acreditam estar presos em grabatos de dor, muita vez, na realidade, estão libertos; libertos das possibilidades de continuar errando e conquistando a própria alforria.

Diz Amélia Rodrigues (1): “(…) para os cristãos das primeiras épocas “prisão” significava-lhes a consciência apóstata, o compromisso com o terror, o apoio à legislação arbitrária, a vinculação com o crime, enquanto que a “liberdade” era o estado de total ação íntima sem barreiras nem limites, apesar dos calabouços onde eram jogados e das celas imundas a que eram relegados, enquanto aguardavam a hora do martírio inominável…

Prisioneiros das paixões destruidoras enxameiam por toda parte, macerados e exauridos, transitando nos limitados espaços das dependências viciosas a que se imantam, enquanto livres das algemas do crime e da conivência infeliz com o erro, os discípulos do Cristo, na fé renovada que os Imortais lhes trazem, deixam-se crucificar nas incompreensões, arder nas renúncias, rasgar-se nas provações, consumir-se nas tenazes dos testemunhos silenciosos. Balbuciando à hora da libertação, um canto de esperança”.

Afirma Joanna de Ângelis (2): “(…) não necessariamente entre construções que coarctam os movimentos, encontra-se aprisionado o homem. O grande número de encarcerados está fora dos alcáceres de pedras e grades onde apenas alguns expungem os delitos de ontem ou atuais. Expressiva parcela da humanidade estagia em processos de regeneração moral, sob injunção carcerária de complexa variedade, não menos padecente do que aqueles que foram alcançados pela humana legislação e arrojados aos calabouços.

Trânsfugas do dever, delinquentes primários ou pertinazes, criminosos diretos ou inspiradores de delitos, que passaram, na Terra, ignorados, ou aqueles que lograram menosprezar os códigos da justiça, retornam ao proscênio carnal sob rudes penas, recuperando-se para a vida enobrecida, exercitando renovação e aprendendo equilíbrio em prisões não menos coercitivas do que as erguidas pelas leis dos povos. 

O remorso é um cárcere impiedoso; a paralisia constitui uma algema vigorosa;  a soledade moral e afetiva significa uma cela de austera reeducação; a alienação mental corresponde a uma penitenciária lúgubre; a bacilose contagiante que exige a segregação do paciente se converte em detenção presidiária; a frustração perturbadora caracteriza uma cadeia de sombras; a limitação teratológica expressa rígida muralha que aprisiona; o pessimismo contumaz corresponde a uma alcáçova, que traz o culpado aprisionado; a limitação orgânica e psíquica reflete um estreito presídio constritor; a ignorância pertinaz torna-se uma enxovia onde não luz a esperança.

Prisioneiros são todos os que experimentam essas e equivalentes outras condições, embora muitos deles transitem pelas avenidas e parques do mundo, em aparente liberdade. Liberdade, porém, é situação íntima, defluente das conquistas logradas a duras penas e sacrifícios sob clima do estudo e da realização enobrecida.

Ensinou Jesus com vigor, oferecendo um conceito irretocável (3):  “conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”.

Em mensagem psicografada pelo médium fluminense Raul Teixeira, Dr. Bezerra lembra-nos o seguinte: “(…) ainda ontem, prisioneiros das ações nefandas, a adaga, a espada e a lança, eram nossos instrumentos de lutas contra semelhantes indefesos, abatidos pela truculência característica das nossas ações.

O tempo, indomável, conduziu-nos ao longe, onde a formosa Mensagem Espírita nos enseja encontros renovados conosco mesmos na busca do grande dia.   Que seja a fraternidade o ensejo renovador, que seja a caridade a oportunidade de servir, que seja a coragem da luta nossas ferramentas atuais, para que conquistemos a nós mesmos.

Filhos!  Sem desânimo, marchemos pelas aleias do conforto íntimo embora as lutas que mantenhamos em derredor; sigamos pelas avenidas do trabalho continuado no bem, não obstante as grandes fragilidades de nossos braços e o tremor de nossos joelhos propriamente “desconjuntados”.

Avancemos filhos; hoje e não amanhã, é o dia de nossa caminhada para as conquistas mais amplas. Hoje, e não depois, é o ensejo que se nos abre para que encontremos felicidade no Evangelho do Reino como o Senhor nos distendeu há muito tempo”.

Nos ensinamentos de Jesus encontraremos os recursos para quebrarmos de vez os grilhões do egoísmo e da ignorância, libertando-nos da autoprisão rumo à liberdade das remansosas e aconchegantes plagas espirituais.

Rogério Coelho  

Referências:
(1) FRANCO, Divaldo. Pelos caminhos de Jesus. Salvador: LEAL, 1987;
(2) FRANCO, Divaldo. Oferenda. Salvador: LEAL, 1980; e
(3) João, 8:32.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em < http://pardesecopsicologia.com.br/site/borboletas-no-jardim/>. Acesso em: 11JUL19.

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