
Fatores de Perturbação
Sede Perfeitos – eis o nosso desafio!
No início do Capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), Allan Kardec transcreve trechos bíblicos, extraídos do Evangelho de São Mateus (5:44, 46 a 48), visando demonstrar em que consiste a perfeição, para então explicar que o alcance dado por Jesus na proposição “Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai Celestial”, deve ser relativizado, pois seria inadmissível que a criatura fosse tão perfeita quanto o Criador. Essa passagem intitula-se “Características da Perfeição”.
A citação é bem ilustrativa para demonstrar que, ainda que o grau de perfeição que poderemos alcançar seja apenas relativo, devemos superar muitos obstáculos, em especial os de índole interior. Mesmo que não seja possível atingirmos o nível de perfeição de nosso Criador, ainda assim, está ao nosso alcance chegarmos ao grau de perfeição de Jesus.
Joanna de Ângelis, na obra O Homem Integral, psicografada por Divaldo Franco, aduz que há diversos fatores que contribuem para que o homem atual se mantenha na retaguarda de sua evolução. A veneranda autora espiritual elencou cinco elementos, nomeando-os como Fatores de Perturbação, a saber: a rotina; a ansiedade; o medo; a solidão; a liberdade.
Tratou a autora de considerar a rotina como “ferrugem na engrenagem de preciosa ma-quinaria, que a corrói e arrebenta…. Disfarçada como segurança, emperra o carro do progresso social e automatiza a mente, que cede o campo do raciocínio ao mesmismo cansador, deprimente… O homem repete a ação de ontem com igual intensidade hoje”. Como bem delineado, faz-nos relembrar do Mestre Nazareno quando, ao curar alguém, pedia que este não voltasse a pecar. Em grau comparativo, podemos ver que Jesus pedia ao indivíduo que mudasse os seus hábitos, pois aquela rotina o teria levado à queda – a dor e a doença.
No que tange ao segundo dos elementos, diz que “A ansiedade é uma das características mais habituais da conduta contemporânea… Impulsionado ao competitivismo da sobrevivência e es-magado pelos fatores constringentes de uma sociedade eticamente egoísta, predomina a insegurança no mundo emocional das criaturas”.
O medo tem se feito cada vez mais presente em nosso dia a dia. Para Joanna de Ângelis, “Decorrente dos referidos fatores sociológicos, das pressões psicológicas, dos impositivos econômicos, o medo assalta o homem, empurrando-o para a violência irracional ou amargurando-o em profundos abismos de depressão”. Isso, nesses dizeres, tem contribuído para que nos tornemos ilhas individuais ou grupais, afastando-nos cada vez mais de relacionamentos instáveis com as demais pessoas.
Por sua vez, a solidão vem atrelada à necessidade do homem de ser visto, aplaudido e bem aceito em seu meio social. Com receio de não ser bem acolhido, muitos preferem o isolamento, gerando “vários distúrbios de comportamento, nas pessoas tímidas, nos indivíduos sensíveis e em todos quantos enfrentam problemas para um intercâmbio de idéias, uma abertura emocional, uma convivência saudável.”
A liberdade pode se tornar como um fator perturbável nos casos em que o homem extravasa o limite do justo e do tolerável, ferindo a liberdade alheia, quando o correto deveria ser pautar-se na “responsabilidade… sem tornar-se libertino ou insensato.”
Glaucio Antonio de Queiroz Oliveira
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