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Aflitos e aflitos

novembro 15, 2019

“No mundo tereis aflições.” Jesus. (Jo., 16:33.)

Segundo Lacordaire (1), quando o Cristo disse:

“Bem-aventurados os aflitos, o Reino dos Céus lhes pertence”, não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! Poucos sofrem bem, poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao Reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio para a Alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus. Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição. Cumpre merecê-la, e é para isso que a vida se apresenta cheia de tribulações”.

Ainda segundo o Mestre Lionês (2):

“As vicissitudes da vida promanam de duas fontes bem diferentes que importa distinguir: umas têm a sua causa na vida presente; outras, nas vidas passadas”.

Vemos assim que ninguém poderá inculpar senão a si mesmo pelas aflições.

O eixo de nosso raciocínio deve ser os atributos de Deus: bondade, justiça e previdência. Destarte o que Ele permite nos aconteça tem a chancela de Sua bondade, justiça e previdência. São os resgates de nossas faltas presentes e passadas.

Se a aflição decorre de nossa ânsia pela ambição nobre de ascender na escala espiritual, naturalmente seremos consolados pela esperada promoção, desde que não venhamos a transgredir as Leis Divinas. Se, por outro lado, a nossa aflição decorre da ânsia pelos ouropéis terrenos e conquistas transitórias, essa não encontra arrimo no Mais Alto. E quanto a estas, diz Fénelon (3):

“(…) Pobres insensatos, com efeito, não imaginam sequer que, amanhã talvez, terão de largar todas essas frioleiras cuja cobiça lhes envenena a vida! Não é a eles, decerto, que se aplicam estas palavras: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados”, visto que as suas preocupações não são aquelas que têm no Céu as compensações merecidas”.

Completa Joanna de Ângelis (4):

“O discípulo do Cristo é alguém em programa de reajustamento e renovação, tropeçando com o passado culposo, que reaparece em mil apresentações conspirando contra a paz ou sugerindo reparação edificante mediante o esforço enobrecido.
Em Jesus encontraremos a segurança inabalável e na Sua mensagem de amor teremos o manancial de sustentação capaz de ajudar-nos lenindo sofrimentos da nossa Alma e preparando-nos para o retorno, através da desencarnação, que a seu turno é acidente orgânico da máquina que se nega a prosseguir, libertando o prisioneiro, que, na vida espiritual, seguirá tranquilo e feliz ou ficará retido na aflição desconcertante de que não desejou se desvincular”.

Rogério Coelho

Referências Bibliográficas:
(1) KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 129.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap.V, item 18.
(2) Idem, ibidem, cap. V, item 4.
(3) Idem, ibidem, cap. V, item 23.
(4) FRANCO, Divaldo. Florações Evangélicas. 4.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000, cap. 34.

Man hugging knees on beach at sunset

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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