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Como conversar com o guia espiritual

fevereiro 2, 2020

Quando estamos nos sentindo mal, cabeça pesada, nada dá certo, desânimo e apreensões à nossa volta, é muito comum nos apontarem a razão clássica para estes incertos momentos: deve haver algum “encosto” conosco, e a solução segue rápida e “infalível” – tomar passes!

Entre tantos ótimos conselhos, boas sugestões e pertinentes orientações possíveis, esta parece ser a fórmula mágica para solucionar qualquer problema, seja de qual ordem for. As muitas possibilidades apresentadas pela Doutrina para nos renovarmos, melhorarmos e evoluirmos ficam reduzidas a uma conduta ancestral presente desde nossas primeiras encarnações; é lei de Deus, não há dúvida, qual seja, a transferência de energias, uma inquestionável medida, mesmo que apenas provisoriamente tranquilizadora.

Entretanto, raros se lembram nestas horas, e podemos afirmar que a maioria desconhece a existência de outra proposta espírita muito mais eficaz, atingindo a raiz dos problemas. Referimo-nos a uma prática ao alcance de todos: a conversa direta com o nosso espírito protetor.

Invariavelmente temos ao seu lado, desde o momento da reencarnação e mesmo antes desse retorno, um Espírito designado por Deus para nos acompanhar em nosso processo evolutivo, entidade esta de maior envergadura moral, ética e intelectual, que, não fosse assim, não poderia ser nosso guia espiritual.

Quis a Divindade, fôssemos e continuássemos a ser acompanhados por um Espírito previamente escolhido visando a ajudar-nos na conquista da melhora moral e intelectual ao longo de nossas existências.

Esta entidade está à nossa disposição e não nos perde de vista. Todavia, diminuta quantidade de espíritas lembramo-nos dela nos momentos de aflição e dúvida, quando os problemas parecem amontoar-se sobre nossas cabeças impedindo o continuar de nossa esperada caminhada rumo a Deus.

Não somos todos médiuns videntes, portanto, não vemos estes dedicados e valorosos Espíritos acompanhando-nos. Aliás, mesmo se fôssemos, raríssimos são aqueles a percebê-los ao lado; o fato, contudo, é que, mesmo não os enxergando, podemos registrar-lhes a presença ao serem chamados.

Há uma conduta muito simples, outro mecanismo divino, que permite entrar em contato mais direto com o nosso protetor: basta fazermos uma oração, no silêncio do nosso íntimo, sem necessidade de pronunciar palavras em alto e bom som, pois tais abnegados trabalhadores abraçaram a tarefa de nos ajudar e pelo pensamento respondem imediatamente, isto se antes já não estavam ao nosso lado, pacientes e solícitos escutando os diversos e aparentemente infindáveis reclamos.

Feita a oração, nascida de nossos corações, tomemos um livro de mensagens espíritas, desses com diversas abordagens de autoria de Emmanuel, André Luiz, Joanna de Ângelis, dentre tantos outros, e fixemos nossa atenção pensando detidamente no que está incomodando. Em seguida, “ao acaso”, com fé, abramos o livro.

É impressionante a quantidade de mensagens que se apresentam “ao acaso”, abordando diretamente a nossa particular questão. Muitas possuem, já no título, o tema em exame por nossas consciências. Geralmente, o texto, de imediato, é profundamente elucidativo, tratando com exatidão do que se passa conosco e propondo ações, providências, para fazer ou para deixar de fazer.

Nesta hora, precisamos ter o cuidado de ler com bastante atenção, pois o conteúdo é sempre muito útil, mesmo que não percebamos de pronto sua aplicação em nosso particular momento. Sendo assim, perguntamos: Como se dá esta “coincidência” entre o que pensamos e o que surge como orientação e esclarecimento? Simples, o guia espiritual toma sutilmente de nossa mão, orienta-nos a escolher – se houver vários livros à disposição – um particular, fazendo-nos abrir na página necessária; ou então, pelo pensamento, repercute em nossa mente o momento de parar de folhear o livro e abrir nesta e não naquela outra mensagem. O protetor tem vários recursos para nos induzir a tomar o livro certo e abri-lo na parte mais apropriada. Concluímos desta forma não existir o acaso.

Ocorre, às vezes, que a mensagem não “diz” exatamente aquilo por nós desejado. Por exemplo, se estamos doentes, e sofrendo muito, gostaríamos de receber um texto passando a mão em nossas cabeças, apoiando-nos como se fôssemos injustiçados pela ordem divina, “reconhecendo” que, pobrezinhos de nós, talvez sejamos o último dos últimos, certamente não merecedores de tanto sofrimento. A mensagem, bem ao contrário, surge desafiadora, mostrando-nos ser a doença agora enfrentada o resultado de condutas distanciadas das leis de Deus, vivenciadas durante largo tempo, nesta, ou em outras vidas. Uma decepção, segundo o nosso acanhado e obtuso entendimento da mecânica da vida.

Nesta hora, é preciso ter muita firmeza para aceitar o “puxão de orelhas”, ponderando que somos sempre os artífices de nossas próprias mazelas. Será preciso reconhecer os erros cometidos, levantar os joelhos desconjuntados e retomar a marcha sempre avante em busca da perfeição.

Há também as mensagens vistas como enigmáticas, aquelas que, na aparência, não contém nenhuma menção sobre a nossa dúvida. Tais orientações não são raras e nos instigam a procurar seu significado ao que tudo indica oculto, mas que, quando esclarecido, se revela de um modo diverso daquele que imaginávamos. Nestes casos, é interessante voltar ao mesmo texto, meditando ao longo dos dias. Diz a prática que muito em breve reconheceremos a propriedade daquelas palavras, descobrindo então como o guia espiritual acertou ao sugerir-nos a ação a ser tomada, mesmo que diversa da nossa expectativa.

É nosso costume, quando em oração, formular o pedido, já pensando na resposta mais agradável. Isto ocorre devido a nossa óptica imediatista e limitada, pois não nos lembramos do passado e das promessas da erraticidade (1), nada obstante, o protetor tem todas essas informações, por isso faz um ajuizamento mais apropriado que aquele que costumamos fazer, mostrando a realidade da vida, aquilo que de fato devemos atentar.

Fica assim a despretensiosa sugestão: oremos e escutemos através das mensagens o que os Espíritos protetores têm a dizer. Não nos preocupemos que os estejamos fatigando, pois eles estão hoje ao nosso lado e aí permanecerão até que aprendamos a andar pelas nossas próprias pernas, ou seja, através do uso consciente de nosso livre-arbítrio. Se os escutarmos, tanto melhor para nós.

Rogério Miguez

Nota do autor:
(1) Erraticidade: estado dos espíritos errantes, isto é, não encarnados, durante os intervalos de suas diversas existências corpóreas (Allan Kardec no livro Instruções Práticas sobre as manifestações espíritas. Vocabulário espírita).

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em
<https://luzdoredentor.wordpress.com/2015/01/20/desenvolvimento-da-mediunidade-2/>.
Acesso em: 02FEV2020.

Rogério Miguez
Rogério Miguez

Trabalhador da Doutrina Espírita desde a Mocidade, tendo atuado no estado de Rio de Janeiro em algumas Casas e, atualmente, em São José dos Campos/SP nos Centros Amor e Caridade, Jacob e Divino Mestre. Colabora em Cursos, Exposições, Atendimento Fraterno e Passes, sendo articulista dos periódicos Reformador e Revista Internacional de Espiritismo.

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