
O homem carnal e o homem moral
A sabedoria consiste em viver no corpo sem olvidar a transitoriedade dele
“Teu Espírito é tudo; teu corpo é simples veste que apodrece”.
O Livro dos Espíritos – Questão 196a.
Em nota explicativa da questão 941 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec estabelece nitidamente a fronteira entre o homem carnal e o homem moral do seguinte modo: “o homem carnal, mais preso à vida corpórea do que à vida Espiritual, tem, na Terra, penas e gozos materiais. Sua felicidade consiste na satisfação fugaz de todos os seus desejos. Sua Alma, constantemente preocupada e angustiada pelas vicissitudes da vida, se conserva numa ansiedade e numa tortura perpétuas… O homem moral, que se colocou acima das necessidades factícias criadas pelas paixões, já neste mundo experimenta gozos de que o homem carnal não faz ideia. A moderação de seus desejos lhe dá ao Espírito calma e serenidade.
Joanna de Ângelis (1) esclarece: “(…) enquanto permaneces vinculado às paixões amesquinhantes, os valores poderosos que guardas no imo ficarão detidos. Todavia, se te permites ampliar as ambições superiores do Espírito, formidanda explosão de forças internas desatará a cachoeira de claridades que se irradiarão dominadoras.
O homem comum ambiciona a satisfação dos instintos imediatistas, não indo além da área das sensações; o homem idealista aspira por mais amplos sentimentos e as emoções alçam-no aos patamares das realizações humanitárias e humanistas.
O homem espiritual agiganta o passo e aspira por mais duradouros objetivos, desenvolvendo a inteligência e o amor, com os quais se ergue aos elevados cimos da vida, ansioso por liberdade, sem quaisquer retentivas na retaguarda.
O homem do mundo exaure-se na masmorra orgânica, asselvajado e febricitante. O homem de pensamento desenvolve os pendores elevados que nele jaz. O homem consciente da sua realidade espiritual se transforma e angeliza-se, por identificar-se com o Cosmo de onde veio e para onde retornará… O homem integral, portanto, é aquele que vive no corpo sem que se esqueça da transitoriedade, desenvolvendo os germes de altruísmo e espiritualidade nele presentes”.
Finalmente, exora a bondosa Mentora Espiritual em sublime peroração: (…) consciente da expressiva ensancha que a vida te concede, veleja pelo mar das realizações, adquirindo conhecimento e amor, a fim de que toda a luz pujante que jaz amortecida, em ti, esplenda, e te integres, ditoso, na realidade cósmica, além dos limites do tempo e do espaço, na direção de Deus…”
Entendemos com Emmanuel que “(…) o propósito de atingir vantagens transitórias no campo carnal, no plano da inquietação injusta, chama-se insensatez; mas a ambição nobre de alcançar os valores espirituais, de acordo com Jesus, chama-se virtude”.
Assim, despreguemos nossos pés dos lodacentos charcos da insensatez e procuremos alcandorar-nos para os cimos gloriosos da emancipação espiritual, conquistando em definitivo nossa alforria espiritual proporcionada pelos “tesouros dos céus” que são os conhecimentos superiores somados às virtudes imarcescíveis…
Rogério Coelho
Referência:
1) FRANCO, Divaldo. Momentos de esperança. 3.ed. Salvador: LEAL, 2004, cap. 20.
Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://br.pinterest.com/pin/527554543845502373/?autologin=true>. Acesso em: 20FEV2020.
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