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O respeito que devemos ao outro

abril 13, 2020

Temos visto no Facebook, no Instagram e no Twitter, principais redes sociais da atualidade, pessoas que se dizem espíritas fazendo postagens onde criticam e até mesmo ofendem aqueles que não concordam com suas ideias, com seu modo de pensar e ver as coisas. Essa atitude revela aquilo que não são: verdadeiros espíritas. É, para com o próximo, falta de caridade, e a caridade é bandeira do Espiritismo. É, igualmente, falta de respeito para com o outro, quando o espírita deve fazer todos os esforços para amar o seu próximo. Finalmente, é falta de educação, quando devemos aplicar sempre a regra ensinada por Jesus: fazer ao outro somente o que gostaríamos que o outro nos fizesse. Discordâncias no terreno das ideias sempre acontecerão, pois estamos em estágios diferentes de progresso intelectual e moral. Entretanto, podemos e devemos divergir nas ideias sem ferir o outro, sem faltar com o decoro, dando provas que estamos nos esforçando em corrigir nossas más tendências. Levar o antagonismo nas ideias para o terreno pessoal, para a ofensa, para a crítica mordaz, para a insinuação maldosa, é a pessoa dar provas que nada entendeu do Espiritismo, e que está longe de, verdadeiramente, poder se classificar como espírita.

Alegam essas pessoas o direito sagrado do uso do livre arbítrio para expor suas ideias e atacar os antagonistas, afirmando que o livre arbítrio é um princípio da doutrina espírita. Equivocam-se, porém, primeiro porque o livre arbítrio é sempre acompanhado das suas consequências, às quais ninguém pode se omitir; segundo porque o livre arbítrio não é princípio básico do Espiritismo, e sim princípio subsidiário, decorrente da imortalidade da alma e seu progresso, que é individual. Podemos opor ainda uma terceira questão: o uso do livre arbítrio não nos exime da educação, respeito e decoro que devemos ter para quem quer que seja, e dirigir ofensas ou pensamentos raivosos contra alguém, é incidir em grave erro, falta que nos será cobrada pela lei divina.

Aprendamos com os mais sábios: devolver o mal com o bem. Se, por ventura, formos atacados e caluniados, isso não nos dá o direito de fazer o mesmo, até porque estaremos nos igualando ao ofensor, não seremos mais do que ele. Aos adversários damos o direito de nos atacar como quiserem, mas como cristãos e espíritas, nos impomos acima de tudo a caridade, reconhecendo que não é possível que todos concordem com o que pensamos e fazemos, e que é direito do outro discordar, assim como também discordamos deste ou daquele, entretanto nada justifica ataques desequilibrados e a criação de inimizades.

Allan Kardec lembra que reconhece-se o verdadeiro espírita pelos esforços que faz em transformar suas más tendências, ou seja, pelos esforços que faz em se conhecer e se educar. E sabemos que já vai longe na história lançar a culpa em nosso organismo biológico: “não tenho nervos de aço”, “quando o sangue me sobe à cabeça …”, “é que me dá nos nervos …”. Tratamos de uma questão classificada nos vícios morais que pertencem ao espírito, à alma imortal que todos somos, e nada tem a ver com o corpo material, transitório e que vai se desagregar no momento da morte.

Sermos educados em nossos comentários pelas redes sociais ou através de qualquer outro instrumento de comunicação, não significa que sejamos amorfos, que não tenhamos brio ou energia para debater as ideias e deixar claro nosso pensamento. Podemos fazer isso sem ofender, sem insinuações dúbias, sem provocar distensões, sem criar inimizades, e sem entrar no terreno das discussões inúteis e prolongadas, a que nada servem, a não ser gastarmos inutilmente nossas energias, desperdiçando ótimas oportunidades de juntarmos esforços para o bem comum.

Lembremos que a evolução da humanidade e o progresso planetário são dependentes do que fazemos. A coletividade somente existe graças à união dos indivíduos. E que, acima de todas as condições, somos irmãos, filhos de Deus, destinados a alcançar a perfeição. O respeito que devemos ao outro, e o cuidado que devemos ter com as redes sociais, deve ser preocupação constante do verdadeiro espírita que, no encontro com as luzes ofertadas pelo Espiritismo, descobre seu potencial divino e passa a direcionar sua vida para a promoção do bem.

Marcus De Mario

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://blog.sagoon.com/tag/social-media-fight/>.
Acesso em: 13ABR2020.

Marcus de Mario
Marcus de Mario

Escritor, Educador, Consultor e Expositor. Diretor Cultural da Fundação Cristã-Espírita Cultural Paulo de Tarso (Rádio Rio de Janeiro). Diretor do Grupo Espírita Seara de Luz (Rio de Janeiro, RJ). Editor do site Orientação Espírita. Diretor Geral do Instituto Brasileiro de Educação Moral (IBEM).

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