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O retrato da vida

abril 24, 2020

Hoje – plantação, segundo a nossa vontade; amanhã – seara, conforme a lei

                                                                       “A morte é a desveladora da vida”.
Manoel Philomeno de Miranda.

Uma conduta essencialmente cristã em todas as circunstâncias de nosso dia a dia é que nos alforriará a consciência frente à morte. E falamos tanto da nossa morte quanto às de quaisquer outros. Ali, diante da iniludível realidade, estaremos sendo defrontados por nossas idiossincrasias.  Para que não sejam de amarguras os frutos  da  colheita de  nossa  existência  é  que Emmanuel esclarece (1): “depois da morte do corpo, a frase amiga que houvermos proferido no estímulo ao bem será um trecho harmonioso do cântico de nossa felicidade; a opinião caridosa que formulamos, acerca dos outros, converter-se-á em recurso de benignidade da  justiça divina, no exame de nossos erros;  o pensamento de fraternidade e compreensão, com que nos recordamos do próximo, transformar-se-nos-á em fator de equilíbrio; o gesto de  auxílio aos irmãos do nosso caminho oferecer-nos-á sublime colheita de alegria.

Mas, igualmente, além-túmulo, a maledicência a que nos entregamos, será espinheiro a provocar-nos dilacerações e feridas; a nossa indiferença para com as amarguras do próximo aparecerá por  geleira, dificultando-nos os passos; a nossa preguiça surgirá como sendo um gerador de penúria espiritual; a nossa crueldade exibir-nos-á, na tela da consciência, a constante repetição dos quadros infelizes de nossos delitos, compelindo-nos à aflitiva demora em escuras paisagens purgatoriais.

A morte é o retrato da vida. A verdade revelará na chapa da memória as imagens que estivermos criando, sustentando e movimentando, no campo da existência.

Se desejamos ventura e tranquilidade, além das fronteiras de cinzas, semeemos, enquanto é tempo, a luz e a sabedoria que pretendemos recolher, nas sendas da ascensão maior.

Hoje – plantação, segundo a nossa vontade; amanhã – seara, conforme a lei.

Se agora cultivamos a sombra, decerto encontraremos – depois – a resposta das trevas. Se, porém, semeamos o amor e a simpatia, onde nos encontramos – indiscutivelmente – mais tarde,  penetraremos, ditosos, nos domínios da luz”.

E é o mesmo Emmanuel, profundo conhecedor da personalidade humana, Espírito de escol,  portador de larga experiência  no trato com as coisas ligadas tanto à matéria perecível quanto às pertinentes aos domínios do  imperecível,  é que vem alinhar, para nossas meditações, alguns   antônimos cristãos, que não nos convém olvidar, já que se tratam de parâmetros/balizas que  deverão nortear nossas atitudes, a fim de que nos fixemos no dever a cumprir, e, quando atravessarmos  o “Estige,  na  barca de Caronte”, estaremos imersos em inalienável paz.  São os seguintes: Intransigência – tolerância; aspereza – brandura; irritação – serenidade; crítica –   benevolência; condenação – bênção; injúria – olvido; ofensa – desculpa; ataque –  perdão;  censura  – auxílio; incompreensão – entendimento; ignorância – instrução; tédio – trabalho; fracasso  –  recomeço; precipitação – calma; balbúrdia – silêncio; dificuldade – esforço; desalento – esperança; rixa – apaziguamento; ódio – amor.

Sendo batidos numa parte do rosto, disse-nos Jesus que devemos oferecer ao adversário a outra parte (isto é: devemos interdizer a vingança).  Norma idêntica é chamada a reger-nos o campo das atitudes. Sempre que desafiados a observar a face da sombra dessa ou daquela questão, no trato  da  vida,  saibamos apresentar, em opostos de luz, também a outra”. Assim, nossa  vida,  ajustada à vera conduta cristã, ensejar-nos-á a vitória sobre nós mesmos e  sobre as  viciações do mundo em que vivemos, e penetraremos no  pórtico da Eternidade sem os ressaibos das atitudes malsãs que nos atiram aos  tenebrosos  e  escorregadios  marnéis  das  iniquidades;  e, finalmente  livres  do  peso  excessivo  de  suas  influenciações nefastas,  gravitaremos, na paz do Senhor, rumo às (por  enquanto inatingíveis) felizes Regiões do Infinito, onde não terão  acesso as  mazelas  físicas e morais com as quais vivemos  a  braços  na Terra.

Advertindo-nos, esclarece Joanna de Ângelis (2): “(…) corpo e alma constituem uma dualidade que, em síntese, são a mesma unidade da vida universal.

Cuida do corpo e atenda a alma. Socorre o organismo, mas medita em torno das necessidades espirituais. O corpo é efeito. A alma é-lhe a causa. A matéria é escola. O ser é o aprendiz que a utiliza. A forma se dilui, mas a essência prossegue…

Vive os impositivos humanos, porém, não descures da tua realidade, aquela que preexiste ao corpo e a ele sobrevive. A vida física é uma experiência no rumo da evolução, enquanto a  espiritual é eterna, de onde procedes e para onde retornas. Vive, pois, de tal forma que,  atendendo  ao corpo, estejas em condição de deixá-lo, pleno e consciente da tua procedência indestrutível, no rumo da felicidade imorredoura”.

Rogério Coelho

Referências:
(1) XAVIER, Francisco Cândido. Mais perto. ed. S. Bernardo do Campo: GEEM, 1983, p. 113-118; e
(2) FRANCO, Divaldo. Alegria de viver. 6.ed. Salvador: LEAL, 2005, cap. 5. p. 38-41.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em
<https://www.youtube.com/watch?v=3EcOGAxYPHo>. Trailer oficial do filme Nosso Lar.
Acesso em: 24ABR2020.

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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