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Na empatia o outro é o outro

maio 14, 2020

Talvez seja a parte mais difícil, ou o desafio maior, no campo da empatia, a compreensão de que para sermos empáticos devamos entender que o outro é o outro.

Mas, como assim? Se ao exercitar a empatia eu deva me colocar no lugar do outro, estender-lhe as mãos, oferecer-lhe o ombro amigo, aconchegá-lo nas minhas vibrações de paz e de carinho, ajudá-lo a resolver os problemas por que está se passando e mostrar-lhe um caminho de possibilidades a percorrer? Como assim, na empatia, o outro é o outro?

Pois, bem! Diante desses questionamentos, possamos entender e compreender que ao nos colocarmos no lugar do outro não significa substituir o outro, nem ser o outro. É termos a consciência de que devamos fazer ao outro somente aquilo que gostaríamos que nos fosse feito, conforme nos ensina o mestre Jesus, no evangelho de Mateus, capítulo 7, versículo 12. É estarmos com o outro, praticando a virtude da misericórdia, colocando o coração a serviço do outro, a fim de auxiliá-lo nas resoluções dos conflitos. É assisti-lo na parte que nos cabe, dando-lhe suporte para que ele (o outro) possa tirar as próprias conclusões e decidir por si mesmo, fazendo o uso do seu poder de escolhas, caso tenha condições para isso.

A título de ilustração, recordemos a passagem evangélica de João, capítulo 8, versículo 1-11, que trata do episódio intitulado “A Mulher Adúltera”, levada a julgamento (apedrejamento) em praça pública, sendo um dos exemplos de empatia vivenciados pelo mestre Jesus.

Durante o julgamento que se resultaria em apedrejamento, embora Jesus tenha se posicionado ao lado da referida mulher, passando-lhe vibrações positivas naquele momento difícil e correndo o risco de também ser apedrejado, não a substituiu na questão que cabia somente a ela resolver, justamente por que o outro é o outro.

Jesus, ao escrever no chão e ordenado aos que não tivessem pecado que atirassem pedra sobre aquela mulher, a “ficha foi caindo” na consciência de cada um dos acusadores, pelo que foram saindo daquele local, um a um, começando pelos mais velhos até o mais novo de todos.

Ficando a sós na praça pública, Jesus disse àquela mulher que ele também não a condenaria, pelo que entendemos que naquele instante o mais importante para Jesus era estar ao lado dela, praticando a empatia, dando-lhe força naquele momento de crise por que ela passava.

Ao recomendar-lhe “vai e não voltes a errar”, o mestre Jesus estava liberando-a para que ela pudesse seguir o seu próprio caminho, levando consigo as lições na bagagem, para que ela mesma, no exercício do seu livre arbítrio, fosse resolvendo as suas pendências pelo caminho.

Diante do exposto, fica a sugestão para todos nós, ao exercermos a empatia, tenhamos o devido cuidado em não nos envolvermos no problema do outro a ponto de nos confundirmos com o outro nas complicações dos desafios que cabe ao outro resolver; em não nos tornarmos intrusos na vida do outro; em não impormos ao outro as nossas condições e orientações, haja vista o empático nunca deva se colocar em posição superior à do outro e deva sempre respeitar as decisões do outro, embora nem sempre deva aceitá-las, porque na verdadeira empatia o outro é o outro.

Yé Gonçalves

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://megaphoneadv.blogspot.com/2017/09/ellen-g-white-e-o-julgamento-da-mulher.html>. Acesso em: 14MAI2020.

Yé Gonçalves
Yé Gonçalves

Diretor no Centro Espírita Princesa do Vale e no Instituto Nosso Lar, na cidade de Governador Valadares, Minas Gerais, Brasil.

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