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Ser honesto perante Deus

novembro 29, 2020

Nem sempre quem morre santificado aos olhos das criaturas surge santificado no Céu

“Aquele que furtava não furte mais; antes trabalhe,
fazendo com as suas mãos o que é bom, para que
tenha o que repartir com o que tiver necessidade”.
– Paulo. (efésios, 4:28).

Joseph Brê desencarnou em 1840 (1). Vinte e dois anos depois sua neta o evocou anelando por notícias. Qual não foi a sua surpresa ao constatar que seu ente tão querido sofria por não ter aproveitado melhor o tempo que passou encarnado na Terra: expiava a sua descrença e negligência!

Admiradíssima a neta pergunta-lhe: “como? Pois não vivestes sempre honestamente?”
— R. Sim, no juízo dos homens; mas há um abismo entre a honestidade perante os homens e a honestidade perante Deus. E uma vez que desejas instruir-te, procurarei demonstrar-te a diferença. Aí, entre vós, é reputado honesto aquele que respeita as leis do seu país, respeito arbitrário para muitos. Honesto é aquele que não prejudica o próximo ostensivamente, embora lhe arranque muitas vezes a felicidade e a honra, vez que o código penal e a opinião pública não atingem o culpado hipócrita. Em podendo fazer gravar na pedra do túmulo um epitáfio de virtude, julgam muitos terem pago sua dívida à humanidade! Erro! Não basta, para ser honesto perante Deus, ter respeitado as leis dos homens; é preciso antes de tudo não haver transgredido as leis divinas.

Honesto aos olhos de Deus será aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso dos seus semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for ativo na vida; ativo no cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao trabalho; ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de servo ao qual o Senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo; ativo finalmente na prática do amor de Deus e do próximo.

Assim o homem honesto, perante Deus, deve evitar cuidadoso as palavras mordazes, veneno oculto sob flores, que destrói reputações e acabrunha o homem, muitas vezes cobrindo-o de ridículo. O homem honesto, segundo Deus, deve ter sempre cerrado o coração a quaisquer germens de orgulho, de inveja, de ambição; deve ser paciente e benévolo para com os que o agredirem; deve perdoar do fundo d`alma, sem esforços e sobretudo sem ostentação, a quem quer que o ofenda; deve, enfim, praticar o preceito conciso e grandioso que se resume “no amor de Deus sobre todas as coisas e do próximo como a si mesmo”.

Eis aí, querida filha, aproximadamente o que deve ser o homem honesto perante Deus. Pois bem: tê-lo-ia eu sido? Não. Confesso sem corar que faltei a muitos desses deveres; que não tive a atividade necessária; que o esquecimento de Deus me impeliu a outras faltas, as quais, por não serem passíveis às leis humanas, nem por isso deixam de ser atentatórias à lei de Deus. Compreendendo-o, muito sofri, e assim é que hoje espero mais consolado a misericórdia desse Deus de bondade, que perscruta o meu arrependimento. Transmite, cara filha, repete tudo o que aí fica a quantos tiverem a consciência onerada, para que reparem suas faltas à força de boas obras, a fim de que a misericórdia de Deus se estenda por sobre eles… Seus olhos paternais lhes calcularão as provações. Sua mão potente lhes apagará as faltas”.

Não sem motivo Emmanuel escreveu através da abendiçoada mediunidade de Chico Xavier (2): “(…) há roubos de variada natureza, jamais catalogados nos códigos de justiça da Terra: furtos de tempo aos que trabalham; assaltos à tranquilidade do próximo; depredações da confiança alheia; invasões nos interesses dos outros; apropriações indébitas, através do pensamento; espoliações da alegria e da esperança…

Com as chaves falsas da intriga e da calúnia, da crueldade e da má-fé, almas impiedosas existem, penetrando sutilmente nos corações desprevenidos, dilapidando-os em seus mais valiosos patrimônios espirituais… Por esse motivo, a palavra de Paulo se reveste de sublime significação: – “Aquele que furtava não furte mais”.

Se aceitaste o Evangelho por norma de elevação da tua vida, procura, acima de tudo, ocupar a tuas mãos em atividades edificantes, a fim de que possas ser realmente útil aos que necessitam.

Na preguiça está sediada a gerência do mal. Quem alguma coisa faz, tem algo a repartir. Busca o teu posto de serviço, cumpre dignamente as tuas obrigações de cada dia e, atendendo aos deveres que o Senhor te confiou, atravessarás o caminho terrestre sem furtar a ninguém”.

Segundo João Cléofas (3), (Espírito) ao reencarnamos assinamos um “contrato” mediante o qual deveríamos desempenhar com rigor nosso serviço de iluminação interior… E não será sendo desonestos com Deus e conosco mesmos que lograremos tal desiderato.

O nobre Cléofas pede para “(…) recordarmo-nos das palavras de Jesus, quando afirmou que seriam bem-aventurados aqueles que porfiassem até o fim. (Marcos, 13:13).

Lição de alta magnitude, porque é fácil abraçar um ideal, assumir um compromisso, firmar um contrato, trabalhar afanosamente nos primeiros tempos, mas logo depois uma forma de rotina se instala, a pessoa apaga a labareda do entusiasmo e lentamente coloca o dever assumido em plano secundário, até quando o abandona… Ao abandoná-lo, justifica que a responsabilidade é dos outros, que o não compreendem, que não lhe dão chance.

Portanto, abraçar com o mesmo entusiasmo a tarefa que se prolonga através do tempo até o fim é o dever que assumimos perante a consciência cósmica e diante da nossa própria consciência. Os que sofrem contam conosco e esperam a nossa contribuição”.

Rogério Coelho

Referências Bibliográficas:
(1) KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 51.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, 2ªparte, cap. III, itens 1 e 2.
(2) XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. 10.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1982, cap. 142.
(3) FRANCO, Divaldo. Triunfo da imortalidade. Porto Alegre: ed. F. Spinelli, 2012, p.133.

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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