
Ressurreição
A reencarnação era um princípio doutrinário nos primitivos arraiais cristãos
“Ninguém pode ver o Reino dos Céus se não nascer de novo.”
– Jesus. (Jo., 3:1 a 12).
Ressurreição, do latim: “Ressurrectione” 1. Ato ou efeito de ressurgir ou ressuscitar. 2. Festa católica comemorativa da ressurreição do Cristo, ao terceiro dia após a Sua morte) 3. Vida nova; renovação; restabelecimento…
Essas são as definições acadêmicas e teológicas da palavra ressurreição, no que respeita à sua etimologia.
Segundo o que estudamos na Codificação Espírita, a ressurreição supõe o retorno à vida do corpo que morreu, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo estão desde há muito dispersos e absorvidos.
O corpo físico é formado por células, átomos, cuja agregação se desfaz para formar outros organismos e jamais poderiam juntar-se novamente as células e átomos que formaram determinado corpo depois de dispersos…
A ressurreição fazia parte dos dogmas judaicos, mas os judeus não possuíam noções definidas e claras sobre ela. Não entendiam como se processava a ligação da Alma com o corpo físico. Eles acreditavam que um homem que viveu podia reviver, sem se inteirarem com precisão da maneira pela qual o fato podia ocorrer; designavam pela palavra ressurreição o que o Espiritismo mais judiciosamente chama reencarnação.
Aliás, a reencarnação era um princípio doutrinário nos primitivos arraiais cristãos dos três primeiros séculos após o advento do Cristo.
A partir do século III, no império de Constantino, quando o Estado Romano se aliou à religião cristã primitiva, dando origem ao catolicismo hodierno, é que a palavra reencarnação foi substituída pela palavra ressurreição.
Isto aconteceu pelo fato de a Rainha Theodora não concordar que poderia renascer na condição de humilde serva ou escrava. Daí sugeriu ao imperador Constantino que opinasse junto às lideranças religiosas para eliminar o princípio da reencarnação dos dogmas que fariam parte do catolicismo, que passaria a ser a religião oficial do estado de Roma. Assim, a solução foi mudar o termo e o sentido, passando a reencarnação a chamar-se ressurreição, substituindo-se assim o lógico-científico pelo absurdo-conveniente, porém, mais adequado aos interesses subalternos que estimulariam a noção da unicidade da existência, relegando a humanidade a um atraso de quinhentos anos. E, por isso mesmo, até hoje, muitas pessoas não conseguem entender e aceitar a reencarnação, imersas ainda num medieval caldo anticultural, equivocando-se, lamentavelmente, quanto ao que diz respeito a um dos mais brilhantes mecanismos da Justiça Divina… O diálogo de Jesus com Nicodemos, porém, não deixa margens a dúvidas… O mestre israelense, perplexo, perguntou a Jesus: “como pode nascer um homem que já está velho? Pode ele entrar no ventre de sua mãe, para nascer uma segunda vez?” (Jo., 3:1 a 12).
Jesus lhe respondeu: “em verdade, em verdade vos digo: se um homem não renascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino dos Céus”.
Os líderes religiosos primitivos entenderam que o termo “água” empregado por Jesus referia-se ao batismo pela água, quando na verdade essa “água” a que Jesus Se referiu, simbolizava o corpo físico adulto que é constituído de mais de 70% de água, enquanto que no feto a quantidade de água passa dos 96%.
Nicodemos, perplexo e ignorante, pergunta: “como isso pode se dar?!”
Jesus lhe disse: “és mestre em Israel e não sabes dessas coisas? Se não me credes quando vos falo das coisas da Terra, como me crereis quando vos falar das coisas do Céu?”
A perplexidade de Nicodemos ainda é a perplexidade de muitos “mestres” que não compreendem ainda quão absurdo é o conceito da ressurreição e quão lógica a realidade da reencarnação…
No Evangelho de Marcos, capítulo nove, versículos onze a treze, temos – também – outra demonstração de tal realidade, quando Jesus informa de maneira explícita que Elias esteve reencarnado na figura de João Batista, sendo degolado, pagando, assim, a dívida que fizera quando era Elias e mandara degolar os sacerdotes de Baal…
A ressurreição, entendida como o retorno à vida a um corpo morto é uma derrogação das Leis Divinas sábias e perfeitas.
A reencarnação será, então, a porta sempre aberta ao “filho pródigo” que, mercê da Justiça Divina, poderá corrigir os seus equívocos até atingir a perfeição, sendo lógica e racional.
Pela reencarnação e não pela ressurreição, o Espírito será aformoseado, e, pleno de alegrias e esperanças, marchará através das sendas evolutivas, vencendo os empecilhos com absoluta confiança na Justiça Divina.
Compreendendo magistralmente a reencarnação, escreveu O. Costa Filho em sua “Cantiga incompleta” ( pág. 58): não podes ressurgir os corpos perecidos,/ Mas podes devolver-me os sonhos já perdidos”.
Rogério Coelho
Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://blog.canoro.com.br/o-que-e-reencarnacao-e-como-ela-acontece/>. Acesso em: 19JUL2021.
Veja também
Ver mais
Programa Debate na Rio – Rádio Rio de Janeiro – “Queremos Justiça ou Vingança?”

Será que Jesus disse mesmo
