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Negação

julho 27, 2021

O ano é 1996. Sentam-se em um tribunal inglês, como partes do processo, dois historiadores. O juiz haveria de decidir se houve, ou não, o holocausto durante a segunda guerra mundial. O holocausto foi um genocídio, provocado pelos alemães,  que exterminou, entre judeus e outras minorias, 6.000.000 (seis milhões) de pessoas. Um grande número delas morreu após experiências cruéis em seus corpos. Tiveram todos os limites físicos testados, muitos documentados pelos “cientistas” que colocaram em ação tais experimentos.

Agora, você me perguntaria, porque, mais de 50 anos depois, foi necessário um julgamento para provar que existiu o holocausto, e eu te respondo: Negação!

Nesse caso, como agora também acontece muito, por ideologia. Um dos historiadores era antissemita, admirador do nazismo e logo, defendia o que aconteceu, negando o seu lado mais cruel contestando, inclusive, os campos de concentração e suas câmaras de gás.

O julgamento durou 8 semanas e custou uma fortuna aos cofres ingleses. O resultado, óbvio, foi pela conclusão que o genocídio, de fato, aconteceu.

Se a negação acima foi por ideologia e, para sustentá-la, basta criar uma narrativa tendenciosa, ela também existe por ignorância e falta de maiores conhecimentos sobre determinado fato.

Hoje, diante de uma pandemia que, até agora, matou mais de 3.000.000 (três milhões) de pessoas no mundo inteiro, existe uma tentativa de construção de narrativa negando-a completamente por má-fé ou interesses políticos e econômicos. Para tanto manipulam informações e meios de comunicação patrocinados para atingir tal objetivo. Apostam nos apaixonados, logo desequilibrados, e nos que tem pouca informação.

Dou-me o direito de imaginar se daqui há 50 anos não assistiremos um julgamento para que um juiz determine, ou não, se a pandemia, de fato, existiu.

Mas existe ainda uma outra forma de negação. Uma que nós mesmos criamos em nossas vidas pessoais. Um problema surge normalmente daqueles grandes, aqueles decisivos em nossas vidas e, diante de uma sensação de impotência ou do medo provocado, fazemos de conta que ele não existe.

Levamos a vida normalmente, ou pelo menos acreditamos nisso, enquanto a questão não resolvida está lá, guardado num canto da nossa mente, esperando por sua solução. E quanto mais o tempo passa, sem a nossa ação, mais ele cresce e, logicamente, mais funestas serão suas consequências.

Já aconteceu com você? Se ainda está em negação, pode responder que aconteceu com um conhecido(a) seu.

Ao contrário dos dois casos, holocausto e pandemia, que citei no início do texto, essa negação de agora, muito mais pessoal, pode não ter repercussão mundial ou significação histórica mas, pode sim, ter consequências de grande proporção na sua vida.

São vários os textos que corroboram a afirmativa “Deus dá o frio conforme o cobertor”.

Quando nós, espíritas, nos aprofundamos, um mínimo que seja, nos estudos sobre a justiça da reencarnação e causas anteriores e atuais das aflições, por exemplo, fica fácil o entendimento do momento que vivemos, das dificuldades que se apresentam, dos desafios aparentemente instransponíveis, das dores do corpo e da alma.

Mas, o mais importante, junto com a compreensão vem a solução. Se nós, de alguma forma ou em algum momento, demos causa ao que sofremos agora, somos também os artífices do nosso destino, autores e atores da nossa história e, logo, temos igual poder de suportar as consequências bem como de repararmos os equívocos de outrora.

Cada dificuldade que se apresenta e elas são de diferentes matizes, íntimos, profissionais, familiares, de relacionamentos, materiais, são oportunidades de reparos e, sobretudo, de crescimento e evolução. Mas, para tanto, devem ser enfrentados e superados. Temos todas as ferramentas necessárias, dentro e fora de nós.

As ferramentas de dentro são aquelas de adquirimos ao longo das vidas, a de fora, é aquela ajudinha dos amigos, encarnados ou não, que sempre aparece quando estamos no firme propósito de nos superarmos.

Na introdução contei um fato do passado, o holocausto, e um da atualidade, a pandemia, para demonstrar que a simples negação de um problema não o apaga.

Mas a minha e a sua história estão em pleno andamento. Temos tempo e instrumentos para reescrevê-las sempre. Não negue o seu problema e, muito menos, a oportunidade de resolvê-lo.

André Tarifa


Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://www.timescolonist.com/entertainment/movies/big-picture-denial-evokes-david-irving-s-arrest-in-victoria-1.2379448 >. Acesso em: 27JUL2021.

André Luis R. Tarifa
André Luis R. Tarifa

Trabalhador espírita desde os 12 anos de idade, eterno aprendiz, tenho um canal no Youtube onde compartilho meu aprendizado e as belezas da poesia. Atualmente desenvolvo os meus trabalhos no Centro Espírita Mansão da Esperança em São Paulo, SP.

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