A Lei de Igualdade

Renato Confolonieri
09/12/2021
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Lemos amiúde na literatura espírita, nos sábios e valorosos ensinos transmitidos pelos benfeitores espirituais, que todos fomos criados simples e ignorantes, que partimos do mesmo princípio, e que, desse modo, todos somos iguais.

Ao tratar da Lei de Igualdade no capítulo 9 do livro terceiro (As Leis Morais) de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec faz oportuna observação na questão 803, esclarecendo – certamente de maneira inspirada – que “todos os homens estão submetidos às mesmas leis da Natureza. Todos nascem com a mesma fraqueza, estão sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Portanto, Deus não deu, a nenhum homem, superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte. Diante Dele, todos são iguais.”.

Com relação às aptidões e suas visíveis desigualdades, os orientadores espirituais nos esclarecem na resposta à pergunta 804 que “Deus criou todos os espíritos iguais, mas cada um deles tem maior ou menor vivência e, por conseguinte, tem maior ou menor experiência. A diferença está no grau da sua experiência e da sua vontade, que é o livre-arbítrio; daí, uns se aperfeiçoam mais rapidamente e isso lhes dá aptidões diversas. A variedade das aptidões é necessária, a fim de que cada um possa concorrer aos objetivos da Providência, no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais…”.

Quanto às diferenças sociais ou das condições sociais, a espiritualidade nos instrui na questão 806 que tal desigualdade é obra das criaturas, não de Deus, e que desaparecerá um dia, juntamente com a predominância do orgulho e do egoísmo – duas das principais chagas da humanidade –, não restando senão a “desigualdade de mérito.”.

No que se refere às disparidades das riquezas, os bons espíritos esclarecem na resposta à pergunta 811 que a sua igualdade absoluta não é possível, uma vez que a diversidade das faculdades e dos caracteres (das criaturas) se opõe a isso. Assim, as nossas características pessoais, aptidões e vocações impedem que tenhamos divididos irmanamente os frutos do nosso trabalho. Acontece, porém, que isso não é obstáculo para a fraternidade entre as criaturas. Ao contrário, é um dever de todos nós dividirmos o pão e o peixe, como fez Jesus em passagens narradas pelos evangelistas.

Com referência à igualdade de direitos dos gêneros masculino e feminino, os benfeitores esclarecem que Deus deu a inteligência do bem e do mal a todas as criaturas, bem como a faculdade de progredir (resposta à questão 817), valendo transcrever a observação feita pelo codificador na pergunta 820, ao dizer que “Deus conformou a organização de cada ser às funções que deve cumprir. Se deu à mulher uma força física menor, dotou-a, ao mesmo tempo, de uma maior sensibilidade, relacionada com a delicadeza das funções maternais e a fraqueza dos seres confiados aos seus cuidados.”.

Assim, e como enfatizado pelo Espírito de Verdade na resposta ao questionamento sob o número 822, “A lei humana, para ser equitativa, deve consagrar a igualdade dos direitos entre o homem e a mulher; todo privilégio concedido a um, ou a outro, é contrário à justiça.”.

Apesar de termos sido criados iguais, simples e ignorantes, como visto, não nos é prudente desconsiderar o alerta feito por Emmanuel no final do capítulo 33 do livro Roteiro, no sentido de que “o Espiritismo, confirmando o Evangelho, vem amparar o homem e convidá-lo a aprimorar-se e engrandecer-se, consoante a Sabedoria da Lei que determina ‘a cada um, segundo as suas obras.’”.

Dessa forma, embora tenhamos partido do mesmo ponto na nossa gênese, a evolução é diferente em cada criatura, em cada individualidade, podendo se dar de maneira mais rápida ou mais demorada em cada um, como foi demonstrado na transcrita resposta à pergunta 804 de O Livro dos Espíritos.

Conforme se afere da observação feita pelo professor Rivail na questão 805:

“a diversidade das aptidões do homem não resulta da natureza íntima de sua criação, mas do grau de aperfeiçoamento ao qual chegaram os Espíritos nele encarnados. Deus, portanto, não criou desigualdades de faculdades, mas permitiu que os diferentes graus de desenvolvimento estivessem em contato, a fim de que os mais adiantados pudessem ajudar o progresso dos mais atrasados, e, também, a fim de que os homens, tendo necessidade uns dos outros, cumprissem a lei de caridade que os deve unir.”

Façamos a nossa parte enquanto cristãos, preocupando-nos sim com o nosso desenvolvimento pessoal e espiritual, mas também enxergando o próximo, colocando-nos no lugar do próximo, auxiliando e amparando o próximo. Não nos façamos cegos, surdos, insensíveis ao sofrimento alheio. Jamais nos esqueçamos de que a já referida divisão do pão e do peixe, de que a caridade para com as demais criaturas, resumem imprescindíveis lições trazidas e ensinadas pelo Mestre Divino para o nosso progresso em todos os sentidos, e que o orgulho e o egoísmo somente atrasam a nossa evolução rumo às instâncias superiores da Espiritualidade.

Renato Confolonieri

Nota do Editor:
Imagem em destaque disponível em <http://cechicoxavier.blogspot.com/2010/08/lei-da-igualdade.html>. Acesso em 09DEZ2021.

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