
A voz da consciência e os pendores instintivos
As nossas tendências nos dão notícias do que fomos nas existências passadas
“Nem sempre honrando-nos o nosso passado,
melhor é que sobre ele um véu seja lançado.”
– Allan Kardec (1)
Com sabedoria afirma o insuperável Mestre Lionês (1): “(…) gravíssimos inconvenientes teria o nos lembrarmos de nossas individualidades anteriores”.
Por outro lado, os Benfeitores Espirituais atestam (2): “(…) se o homem conhecesse o futuro, descuidar-se-ia do presente”.
O eixo de todo o nosso raciocínio deve ser sempre o presente. Um estudo minucioso do presente ensejar-nos-á esclarecedoras deduções sobre nosso passado e também, nosso futuro.
Não sem motivos ensinou Jesus (3): “a cada dia basta o seu cuidado”.
O presente deixa de ser simples ponte entre passado/futuro para tornar-se de fato um estuário onde deságuam todos os corolários de nossos atos passados, ao mesmo tempo em que se constitui ─ também ─ numa forja ardente onde se caldeiam as sementes do futuro. Essa valência binária é uma realidade insofismável.
Daí, para não provocar desequilíbrios em nossa economia espiritual e quebrar a espontaneidade da Lei de Causa e Efeito, afirmam os Amigos Espirituais (4): “(…) a Providência põe limites às revelações que podem ser feitas ao homem. Os Espíritos sérios guardam silêncio sobre tudo aquilo que lhes é defeso revelar”.
Ensina Kardec (5): “mergulhando na vida corpórea, perde o Espírito, momentaneamente. a lembrança de suas existências anteriores, como se um véu as cobrisse. Todavia, conserva algumas vezes vaga consciência dessas vidas, que, mesmo em certas circunstâncias, lhe podem ser reveladas. Essa revelação, porém, só os Espíritos Superiores espontaneamente lha fazem, somente com um fim útil, nunca para satisfazer a vã curiosidade.
As existências futuras, essas em nenhum caso podem ser reveladas, pela razão de que dependem do modo porque o Espírito se sairá na existência atual e da escolha que ulteriormente faça”.
“(…) O esquecimento das faltas praticadas” ─ continua Kardec (4) ─ “não constitui obstáculo à melhoria do Espírito, porquanto, se é certo que este não se lembra delas com precisão, não menos certo é que a circunstância de tê-las conhecido na Erraticidade e de haver desejado repará-las o guia por intuição e lhe dá a ideia de resistir ao mal, ideia que é a voz da consciência, tendo a secundá-la os Espíritos Superiores que o assistem, se atende às boas inspirações que lhe dão.
O homem não conhece os atos que praticou em suas existências passadas, mas pode sempre saber qual o gênero das faltas de que se tornou culpado e qual o cunho predominante do seu caráter. Bastará então julgar do que foi, não pelo que é, sim, pelas suas tendências”, cuidando de não fazer ouvidos moucos à voz da consciência que é o “aguilhão divino” implantado na intimidade espiritual.
Todas essas ilações reuniu-as Casimiro Cunha nesta preciosa síntese (6):
Se queres subir ao alto
Toma zelo em não cair,
Constrói nas lutas de agora
As belezas do porvir…”
Rogério Coelho
Referências:
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 83.ed. Rio [de Janeiro]: 2002, q. 394.
(2) KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 71.ed. Rio [de Janeiro]: 2003, cap. XXVI, item 289 – 7a.
(3) Mt., 6:34.
(4) Idem ibidem, cap. XXVI, item 289, 11ª, § 4.
(5) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 83.ed. Rio [de Janeiro]: 2002, q. 399.
(6) XAVIER, F.Cândido. Coletânea do Além. 8.ed. São Paulo: LAKE, 2003, p. 90.
Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://fraterluz.blogspot.com/2015/05/a-voz-da-consciencia.html>. Acesso em: 02JAN2022.
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