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A voz da consciência e os pendores instintivos

janeiro 2, 2022

As nossas tendências nos dão notícias do que fomos nas existências passadas
Nem sempre honrando-nos o nosso passado,
 melhor é que sobre ele um véu seja lançado.”
                                               – Allan Kardec (1)

 

Com sabedoria afirma o insuperável Mestre Lionês (1): “(…) gravíssimos inconvenientes teria o nos lembrarmos de nossas individualidades anteriores”.

Por outro lado, os Benfeitores Espirituais  atestam (2):   “(…) se o  homem  conhecesse  o futuro, descuidar-se-ia do presente”.

O eixo de todo o nosso raciocínio deve ser sempre o presente. Um estudo minucioso do presente ensejar-nos-á esclarecedoras deduções  sobre  nosso passado  e  também,  nosso futuro.

Não sem motivos ensinou Jesus (3): “a cada dia basta o seu cuidado”.

O presente deixa de ser simples ponte entre passado/futuro para tornar-se de fato  um estuário onde deságuam todos os corolários de nossos atos passados,  ao mesmo  tempo em que  se constitui ─ também ─ numa  forja ardente  onde  se caldeiam  as  sementes do futuro. Essa valência binária é uma realidade insofismável.

Daí, para não provocar desequilíbrios em nossa economia espiritual e quebrar a espontaneidade da Lei de Causa e Efeito, afirmam os Amigos Espirituais (4):  “(…) a Providência põe limites às revelações  que podem ser feitas ao homem. Os Espíritos sérios guardam  silêncio sobre tudo aquilo que lhes é defeso revelar”.

Ensina Kardec (5): “mergulhando na vida corpórea, perde o Espírito,  momentaneamente.  a  lembrança  de  suas   existências anteriores,  como  se  um véu  as  cobrisse. Todavia, conserva algumas vezes vaga consciência dessas vidas, que, mesmo em certas circunstâncias, lhe podem ser reveladas. Essa revelação, porém, só os Espíritos Superiores espontaneamente lha fazem, somente com um  fim útil, nunca para satisfazer a vã curiosidade.

As existências futuras, essas em nenhum caso podem ser reveladas, pela razão de que dependem do modo porque o Espírito se sairá na  existência  atual  e  da  escolha   que ulteriormente faça”.

“(…) O esquecimento das faltas praticadas” ─ continua Kardec (4) ─ “não constitui obstáculo à melhoria do Espírito, porquanto, se é certo que este não se lembra delas com precisão, não menos certo é que a circunstância de tê-las conhecido na Erraticidade e  de  haver desejado  repará-las  o  guia por intuição e lhe dá  a  ideia  de resistir  ao  mal,  ideia que é a voz  da  consciência,  tendo  a secundá-la  os Espíritos Superiores que o assistem, se atende  às boas inspirações que lhe dão.

O homem não conhece os atos que praticou em suas existências passadas, mas pode sempre saber qual o gênero das faltas de que se tornou culpado e qual o cunho predominante do seu caráter. Bastará então julgar do que foi, não pelo que é, sim, pelas suas tendências”, cuidando de não fazer ouvidos moucos  à voz da consciência que  é  o  “aguilhão divino” implantado na intimidade espiritual.

Todas essas ilações reuniu-as Casimiro Cunha nesta preciosa síntese (6):

Se queres subir ao alto

 Toma zelo em não cair,

       Constrói nas lutas de agora

 As belezas do porvir…”

Rogério Coelho

Referências:
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 83.ed. Rio [de Janeiro]: 2002, q. 394.
(2)
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 71.ed. Rio [de Janeiro]: 2003, cap. XXVI, item 289 – 7a.
(3)
Mt., 6:34.
(4) Idem ibidem, cap. XXVI, item 289, 11ª, § 4.
(5) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 83.ed. Rio [de Janeiro]: 2002, q. 399.
(6)
XAVIER, F.Cândido. Coletânea do Além. 8.ed. São Paulo: LAKE, 2003, p. 90.

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <http://fraterluz.blogspot.com/2015/05/a-voz-da-consciencia.html>. Acesso em: 02JAN2022.

Rogério Coelho
Rogério Coelho

Rogério Coelho nasceu na cidade de Manhuaçu, Zona da Mata do Estado de Minas Gerais onde reside atualmente. Filho de Custódio de Souza Coelho e Angelina Coelho. Formado em Jornalismo pela Faculdade de Minas da cidade de Muriaé – MG, é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Converteu-se ao Espiritismo em outubro de 1978, marcando, desde então, sua presença em vários periódicos espíritas. Já realizou seminários e conferências em várias cidades brasileiras. Participou do Congresso Espírita Mundial em Portugal com a tese: “III Milênio, Finalmente a Fronteira”, e no II Congresso Espírita Espanhol em Madrid, com o trabalho: “Materialistas e Incrédulos, como Abordá-los?” Participou da fundação de várias casas Espíritas na Zona da Mata Mineira.

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