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Lei de Liberdade – Consciência

janeiro 29, 2022

Como já anotado em outras ocasiões, O Livro dos Espíritos traz no seu livro terceiro uma análise aprofundada do que foi chamado de Leis Morais, Divinas ou Naturais.

Dentre essas Leis há a de Liberdade, cujo exame é didaticamente subdividido pelo codificador – nos seus estudos e questionamentos à Espiritualidade – em liberdade natural, de pensar, de consciência e livre-arbítrio.

Especificamente quanto à consciência, tem-se que ela pertence a cada criatura, sendo conceituada como um pensamento íntimo, de acordo com o que foi transmitido no primeiro volume da codificação – resposta à questão 835.

Contudo, e já que a consciência é uma aquisição individual do espírito, assim como o conhecimento, a experiência e a sapiência, Allan Kardec se aprofunda um pouco mais no assunto, questionando os Espíritos Superiores sobre o direito que certas pessoas se arvoram de colocar entraves a essa liberdade dos demais. A resposta à questão 836 não poderia ser mais clara, no sentido de que “… só a Deus pertence o direito de julgar a consciência. Se o homem regula, por suas leis, as relações de homem para homem, Deus, por suas leis da Natureza, regula as relações do homem com Deus.”. E continuam nos alertando na manifestação à pergunta 837, ao afirmar que “… a liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização e do progresso.”.

Buscando maiores informações do Espírito de Verdade acerca da respeitabilidade específica das crenças, ainda que sejam falsas, o professor Rivail dá ênfase à manifestação posta da indagação 838, que não poderia ser mais elucidativa: “toda crença é respeitável, quando é sincera e conduz à prática do bem. As crenças repreensíveis são as que conduzem ao mal.”.

Como se vê, todas as crenças – e aqui pode se interpretar como filosofia religiosa, doutrina ou mesmo convicção – devem ser consideradas, desde que melhorem o ser humano, individualmente e coletivamente, que o conduzam ao respeito ao próximo, e que estejam concordes com as citadas Leis Morais, Divinas ou Naturais.

Mas como deve ser reconhecida a crença – no caso, religiosa – que se pretende colocar como expressão da verdade? Eis a resposta a essa pergunta nevrálgica formulada pelo mestre de Lyon aos Espíritos que ditaram a codificação (O Livro dos Espíritos, questão 842): “Será aquela que faz mais homens de bem e menos hipócritas, quer dizer, praticantes da lei de amor e de caridade na sua maior pureza e na sua mais larga aplicação. Por esse sinal reconhecereis que uma doutrina é boa, porque toda doutrina que tiver por consequência semear a desunião e estabelecer uma demarcação entre os filhos de Deus, não pode ser senão falsa e perniciosa.”.

Porém, sem ofender a liberdade de consciência das criaturas, como trazer de novo ao caminho da verdade aqueles que se perderam por falsos princípios, indaga Kardec no item 841. De acordo com a Espiritualidade, devemos ensinar, a exemplo de Jesus, “… pela suavidade e pela persuasão e não pela força, o que seria pior do que a crença daquele a quem se quer convencer. Se há alguma coisa que seja permitido se impor, é o bem e a fraternidade. Mas não cremos que o meio de fazê-los admitir seja o de agir com violência: a convicção não se impõe.”.

Aplicando todos esses ensinamentos, manifestações e alertas da Espiritualidade Superior às crenças religiosas, apesar de não ser diferente com relação às demais convicções humanas, enfatizemos o que dito na transcrita resposta à pergunta 842 de O Livro dos Espíritos, no sentido de que a melhor religião é “aquela que faz mais homens de bem e menos hipócritas”, que faz dos seus adeptos “praticantes da lei de amor e de caridade na sua maior pureza e na sua mais larga aplicação.”.

Terminemos o nosso modesto estudo com as palavras de Tiago (capítulo 1, versículo 27), orientando que “a religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.”.

Some-se a importante manifestação de Emmanuel, um dos principais intérpretes da codificação espírita, psicografada por Francisco Cândido Xavier e posta no livro Palavras de Vida Eterna: “seja qual for a igreja em que externas a tua reverência à Majestade Divina, guarda, pois, a oração por lâmpada acesa em tua luta de cada dia, mas não te esqueças de que somente amparando os nossos irmãos inexperientes e frágeis, caídos e desditosos, é que, de fato, honraremos a Bênção de Nosso Pai.”.

Renato Confolonieri

Nota do Editor:

Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://br.pinterest.com/pin/149604018846470840/>. Acesso em: 29JAN2022.

Renato Confolonieri
Renato Confolonieri

Atuante no Espiritismo há 20 anos, participou por três anos e meio da entrega de sopa no Grupo Fraterno de Assistência Nossa Casa em São Paulo, articulista no periódico Ação Espírita e Membro de Reuniões Mediúnicas no Grupo Espírita Jesus de Nazaré, ambos de Marília, interior de SP.

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