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Os sonhos segundo a Doutrina Espírita

fevereiro 6, 2022

Pouco se consegue relatar ou recordar sobre os sonhos, pois esquecemos a maioria deles; basta recomeçar o dia e, distraídos, já os perdemos da memória.

Uma das razões primordiais para tentar bem interpretar os sonhos, buscando pelo menos entender a mensagem central, é a aceitação da reencarnação.

Outras razões seriam a certeza da imortalidade do Espírito, corolário da lei anteriormente citada; e a nossa capacidade de nos afastarmos temporariamente do corpo físico, fenômeno comum e diário que ocorre com todas as pessoas, quando dormem.

Sem esses três princípios, tudo fica obscuro, enigmático.

A temática não poderia ter sido deixada à margem por Allan Kardec, ao elaborar o edifício do conhecimento universal representado pela literatura que constitui a Doutrina dos Imortais.

O capítulo dos sonhos recebeu a atenção do Codificador ao estruturar o tópico sobre a “Emancipação da Alma”, sendo, o “Sono e os Sonhos”, apenas o primeiro nível sobre a emancipação do Espírito encarnado.

Quais seriam, os benefícios oferecidos por Deus nesta particular questão?

  • Descanso da matéria – corpo humano –, pois esta máquina, não é indestrutível; desgasta-se e, em consequência, precisa recuperar-se dos esforços a que é submetida pelo Espírito no seu dia a dia.
  • Alívio ou descanso, para o Espírito imortal, da influência da matéria. Quando reencarnamos, temos limitados todos os nossos sentidos às condições dos órgãos físicos.
  • Encontro com Espíritos encarnados ou desencarnados: o anjo da guarda, familiares, amigos e inimigos. Esses variados contatos propiciam nosso fortalecimento, orientação, aconselhamento, podendo ainda nos prevenir de algum perigo futuro.
  • Recordar promessas oriundas de acertos previamente estabelecidos antes da atual reencarnação, o passado distante e eventual acesso ao futuro, de forma espontânea e natural, caso Deus o permita; as premonições.
  • Aprendizado obtido na participação em palestras, aulas e avisos, mediante projeções de imagens, são exemplos de oportunidades de instrução, guardando o Espírito, ao final do sono, as impressões destes colóquios e até, muitas vezes, de animadoras e tranquilizadoras conversas.
  • Pesquisadores e cientistas encarnados podem beneficiar-se também quando entram em contato com Espíritos desencarnados que realizam as mesmas pesquisas e estudos no Plano Espiritual. Esses últimos podem auxiliar os Espíritos temporariamente desprendidos da matéria, de modo que, ao despertarem no dia seguinte, encontrem a solução de algum problema que contribua para a promoção do progresso da humanidade.
  • Particularmente em relação aos lidadores espíritas, é comum continuarem a atividade desenvolvida durante a vigília nas Casas Espíritas. Muitos médiuns são regularmente convocados a dar prosseguimento ao trabalho recém-executado, precisando, para isso, manter boa postura até a hora de dormir, preparando-se pela oração para o período de sono e se colocando à disposição dos mentores do grupo mediúnico ao qual pertencem.

Considerando estas muitas possibilidades, podemos compreender por quais razões é tão difícil penetrar na essência dos sonhos, ou mesmo decifrá-los integralmente, sobretudo se considerarmos outros aspectos relevantes na formação dos sonhos:

  • Preocupações do cotidiano – todos os assuntos que recebam a nossa atenção de modo especial durante a vigília podem se misturar aos sonhos; por exemplo: contas a pagar, o exame do ENEM, uma persistente doença, variadas questões sentimentais etc.
  • Alimentação em demasia – o corpo físico necessita de alimentos em doses adequadas para bem funcionar. Se, próximo do sono, alimentamo-nos em excesso e não processamos a necessária digestão, o corpo é obrigado a trabalhar enquanto estamos no Espaço; esta atividade física, excepcional, influencia o sonho.
  • Filmes, TV, imagens da WEB – muitas pessoas, antes de dormir, assistem a programas televisivos e filmes violentos, às vezes envolvendo cenas fortes na área sexual ou permeados de aspectos macabros. Essas imagens, por certo contribuirão para a eclosão de pesadelos e outros transtornos.
  • Sentimento de culpa – deslizes de conduta, perpetrados nesta e em outras existências e não plenamente resgatados perante a Lei de Deus, apresentam-se na forma de culpa e aflições, medos ocultos e receios incompreensíveis, imiscuindo-se também em nossos sonhos.
  • Alcoólicos e drogas ilícitas – o uso de drogas psicoativas lícitas ou ilícitas tem influência preponderante na formação dos sonhos, pois avivam indesejados traços, às vezes represados, de nossas personalidades antigas, prejudicando, além disso, o bom funcionamento do corpo biológico, quando este deveria encontrar-se em estado normal para bem repousar.
  • Obsessores – caso estejamos sendo influenciados por Espíritos ainda ignorantes, estes se nos apresentarão quando estivermos emancipados, fornecendo a sua cota de material a ser misturada ao conteúdo dos sonhos.
  • Facilitação de acesso às vidas passadas – todas as nossas existências estão gravadas em nosso perispírito e, durante a emancipação pelo sono, o Espírito tem maior facilidade de vislumbrar estas experiências passadas, quando e onde esteve reencarnado. Dependendo da capacidade de acesso ao passado, alguns indivíduos adentram mais profundamente estes antigos enredos. Tais relances das existências precedentes podem facilmente se embaralhar com a realidade de agora, criando um cenário demasiadamente confuso.

Diante de quadro tão complexo, poderíamos indagar: Qual o proveito do sonho para o nosso cotidiano?

Além dos benefícios anteriormente elencados, sabe-se que os bons Espíritos que nos acompanham, quando desejam nos dar algum aviso importante, alguma sugestão oportuna para o presente ou mesmo para o futuro, possuem meios de nos impregnar com impressões ou sensações que permanecerão conosco, ocultas, e que despertarão no momento aprazado, como num déjà vu. Em tal situação, seremos arremessados àquele pedaço de sonho, facilitando a nossa compreensão sobre a real mensagem evocada pelo sonho, permitindo-nos, assim, agir com mais sabedoria.

Diante de tudo isto, importantíssimas providências podem ser tomadas, caso desejemos uma boa noite de sono. Citamos algumas, nos fatores que influenciam negativamente os sonhos, e que deverão ser evitadas sempre, mas ainda não mencionamos a mais eficaz medida para uma boa noite de sono: os bons pensamentos, a prece fervorosa quando nos preparamos para dormir.

Se proferida com sinceridade e humildade, a prece faculta tranquilidade durante o sono, harmonia para o ambiente em que nos encontramos e defesa contra a ação dos Espíritos obsessores.

Uma dica: se o leitor deseja refletir sobre os sonhos, sugerimos manter papel e lápis à mão na cabeceira da cama, ao deitar-se. Caso acorde à noite em meio a um sonho, anote todos os detalhes, porque, será muito difícil recuperá-los na manhã seguinte, ao despertar; eles se terão perdido na maioria das vezes.

Bons Sonhos!

Rogério Miguez

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://agendaespiritabrasil.com.br/2014/11/21/o-sonho-na-visao-espirita/ >. Acesso em: 06FEV2022.

Rogério Miguez
Rogério Miguez

Trabalhador da Doutrina Espírita desde a Mocidade, tendo atuado no estado de Rio de Janeiro em algumas Casas e, atualmente, em São José dos Campos/SP nos Centros Amor e Caridade, Jacob e Divino Mestre. Colabora em Cursos, Exposições, Atendimento Fraterno e Passes, sendo articulista dos periódicos Reformador e Revista Internacional de Espiritismo.

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