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Bandeiras, pautas e lutas

julho 24, 2022

O movimento espírita materializa as ações dos espíritas, a luz de seus ideais, de forma que isso implica, consequentemente, em abraçar determinadas bandeiras, pautas e lutas, eleitas por circunstâncias próprias. Tudo muito natural…

Por motivos históricos diversos, por ações de grupos em momentos específicos, na soma de forças e esforços, abraçamos com afinco determinadas bandeiras, e relegamos outras, também de grande relevância. Essas breves linhas nos motivam a analisar algumas causas que o movimento espírita não abraçou, de forma ostensiva, ou o fez timidamente, para que possamos refletir sobre estas.

Dessas inúmeras e valorosas causas, podemos citar, por exemplo:

DESARMAMENTO: a oposição ao uso extensivo de armas de fogo, seja na guerra, seja nos crimes do cotidiano, é uma causa extremamente relevante, em uma sociedade que, a despeito de toda a tecnologia, padece o fantasma da violência e da criminalidade.

RACISMO: as décadas de escravidão deixaram em nosso país suas marcas, na discriminação da população negra inserida nas falas e artefatos culturais, com práticas de hostilização, em uma falta de caridade com os nossos irmãos, espíritos imortais, ainda que essa questão seja figura ausente ou pouco presente em nossas tribunas e linhas.

INCLUSÃO DE DEFICIENTES: a luta por tornar a nossa sociedade acessível e receptiva aos irmãos que apresentam deficiências de diversas matizes carece avanços no movimento espírita, pela falta de ações expressivas na tradução de obras e palestras, na carência de rampas nas casas espíritas e ainda, na rasa produção de material pedagógico que discuta essas especificidades.

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: uma triste realidade, oculta nos discursos e atrelada a uma cultura machista e à dependência química, demandando discussão e esclarecimento nas pautas das discussões espíritas e no combate a essa prática hedionda.

COMBATE A CORRUPÇÃO: a malversação do dinheiro público, o desvio de recursos, a propina e o patrimonialismo são uma realidade tratada como um tabu, mas que se faz presente em pessoas bem vestidas e com instrução, na dilapidação de recursos destinados aos menos favorecidos. Uma discussão ética que com certeza traz em seu bojo interesses concomitantes as lutas do cordeiro.

MEIO AMBIENTE: a despeito do esforço pioneiro e hercúleo do nosso confrade, jornalista André Trigueiro, na inserção desse tema na nossa agenda, essa luta ainda se faz incipiente na lembrança da caridade com o nosso planeta.

Apesar de não serem estas listadas, entre outras, bandeiras clássicas do nosso movimento, nada nos impede de aderir a estas lutas como cidadão, espírito encarnado consciente, o que pode trazer, pelo nosso interesse, a entrada dessa bandeira no movimento espírita no futuro.

Trazemos lutas do mundo e vice-versa, pois o movimento espírita está imerso no mundo. Elegemos diversas lutas em função de nossa história, de nossos valores, e isso se relaciona com os rumos adotados pelo movimento, mas não é condicionado totalmente por estes.

Fica aqui então a reflexão sobre as lutas nas quais nos alistamos coletivamente e individualmente, todas valorosas. Também são valiosas as bandeiras abraçadas atualmente pelo movimento espírita, como a defesa da vida, o estudo sistematizado e o esperanto.

O que traz esse artigo é a ideia de que a trincheira é maior do que enxergamos na luta por um mundo melhor, onde cada um tem a sua parcela de responsabilidade, independente do credo. 

Marcus Vinicius de Azevedo Braga

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://blog.rcky.com.br/ideias-novas/>. Acesso em 24JUL2022.

Marcus Vinicius de Azevedo Braga
Marcus Vinicius de Azevedo Braga

Residindo atualmente na cidade do Rio de Janeiro, espírita desde 1990, atua no movimento espírita na evangelização infantil, sendo também expositor. É colaborador assíduo do jornal Correio Espírita (RJ) e da revista eletrônica O Consolador (Paraná). É autor do livro Alegria de Servir (2001), publicado pela Federação Espírita Brasileira (FEB) e do Livro "Você sabe quem viu Jesus nascer" (2013), editado pela Editora Virtual O Consolador.

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