
Kardec: o artesão da sabedoria
O Codificador mostra a Justiça Divina dentro de uma ética moral baseada no Evangelho
“(…) Allan Kardec insere-se no contexto dos homens e mulheres
mais sábios do século XIX, devendo ser considerado membro
da galeria dos notáveis de toda a história da humanidade”.
– Vianna de Carvalho (1)
Vianna de Carvalho afirma1: “(…) quanto mais perscrutamos a vida de Allan Kardec, mais e melhor compreendemos a grandeza desse preclaro Espírito elegido por Deus para construir a Nova Era da humanidade”.
Membro atuante da equipe do “Consolador” reencarnou trazendo insculpido na mente e no coração o compromisso grandioso do qual soube desincumbir-se com elegância e êxito.
Desde muito jovem, atraído pelo conhecimento intelectual, encontrou no insigne mestre Pestalozzi o amoroso e sábio modelador do seu caráter de escol e burilador da sua fulgurante inteligência, que o preparou para o grave cometimento de que se fez notável missionário.
Antes de iniciar o seu ministério ele mourejou na atividade grandiosa da educação, compreendendo que somente se pode forjar uma sociedade feliz quando ela se torna educada.
(…) Em pleno Século das Luzes Kardec enfrentou diatribes e perseguições gratuitas em face da audácia de pensar e de agir fora dos padrões estabelecidos pela hipocrisia social, desenhando com vigor o programa que deveria viger no futuro, quando a sociedade, esclarecida e liberta de tabus, superstições e dogmas, contemplasse o Espiritismo como a resposta sábia dos Céus às contínuas e dolorosas interrogações da Terra.
Mantendo incessante contato com os Espíritos Nobres que conduzem a Terra ao seu fanal de progresso e felicidade, soube apresentar-lhes as questões mais palpitantes do pensamento, abrangendo os mais diversos segmentos da cultura, de forma que todos os indivíduos pudessem mergulhar o pensamento e o coração nas lições recebidas, encontrando orientação e segurança para a marcha ditosa no processo da reencarnação”.
Em artigo (2) do nosso confrade Josef Jackulat podemos nos inteirar do seguinte: “(…) a partir da publicação de O Livro dos Espíritos, em 18 de abril de 1857, o ínclito Mestre Lionês entregou-se mais ainda às pesquisas, estimulado pelo desejo de servir à humanidade e dar-lhe bases de segurança em favor da sua marcha evolutiva… Foram o seu caráter calmo, o pensamento lógico e racional, a inteligência extraordinária que lhe ajudaram a seguir um caminho novo, embora cheio de obstáculos e de ataques pela cultura intolerante, uma vez que suas argumentações sábias desmontavam os argumentos contraditórios e os preconceitos mantidos contra a nova ciência ainda num estágio embrionário. Com uma fé inquebrantável, trabalhou entusiasmado, conduzido pelos nobres Guias espirituais e acolitado pela esposa devotada: a suave Amélie. Ajudado por fiéis companheiros e pelos médiuns, conforme ele denominou aqueles que se faziam instrumento dos Espíritos, e o pensamento destes, abriu os fascinantes horizontes de uma Era Nova na Terra. Essa extraordinária Ciência, que ele apresentou como resultado do estudo dos fenômenos paranormais denominou-a Espiritismo. Foi o Espiritismo o motivo de seus sacrificios, de sua abnegação, tendo em vista que toda ideia nova sempre provoca reações perversas nos cômodos e ignorantes. Eram a mesma fé e coragem do Pregador da Verdade (3), que mais uma vez ajudavam-no a suportar as ironias e calúnias que lhe eram atiradas… Assim como a sombra não consegue anular a luz, ninguém logra combater a verdade com o êxito que gostaria.
Era Kardec um abnegado cristão, cuja religiosidade ensinou-nos a libertar-nos dos infelizes conceitos em torno de um Deus cruel, castigador, que permite as catástrofes, guerras, doenças e outros sofrimentos como punição inclemente, mostrando-nos Deus como a inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas, todo amor e misericórdia.
Era Kardec o grande filósofo que alargou os nossos conhecimentos, em face da proposta científica em torno da criação do Universo, por consequência, da Terra e do ser humano, conforme o demonstram na atualidade, a Cosmologia, a Paleontologia, a Embriogenia, liberando-nos, ao mesmo tempo, do medo do inferno, da fantasia em torno do Céu como lugar de repouso eterno, demonstrando que ambos existem, porém, em nossa consciência.
Era Kardec um genial cientista e pesquisador, que nos esclareceu os aparentes mistérios em torno da vida e da morte, oferecendo-nos a certeza da Imortalidade do Espírito e da Vida Espiritual, que anula a morte, apresentando-nos a Justiça Divina através da reencarnação e de uma ética moral totalmente baseada no Evangelho.
O seu amor a Jesus, à Verdade, levou-o à vitória e o fez especial entre os grandes Espíritos que a Terra houvera hospedado.
A partir do surgimento do Espiritismo, nova claridade passou a iluminar o nosso Planeta Azul, a pouco e pouco, estimulando os seus habitantes para a renovação interior, conforme o Mestre Galileu já nos havia convidado, como primeiro passo para a libertação da cadeia do egoísmo mortífero e dos instintos animais ainda predominantes em nosso íntimo. Tornou-se-nos, então, mais fácil a caminhada na direção da felicidade e da plenitude, vivenciando o postulado da caridade sem a qual não há salvação. Esta é a proposta do insigne Benfeitor, e para a qual ele vivia, com o exemplo da sua vida devotada à humanidade, bem como pelo seu amor ao próximo, a Jesus e a Deus”.
Por essas e outras razões, podemos afirmar – sem receio – que Allan Kardec foi, sem dúvida, um singular artesão da sabedoria.
Rogério Coelho
Referências:
(1) Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Franco no dia 24.6.2004 em Beijing-China;
(2) Artigo da Revista Presença Espírita de set./out./2004, p. 58; e
(3) O autor refere-se a Jan Huss, utilizando-se de uma expressão de Joanna de Ângelis.
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