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No recinto doméstico

julho 19, 2024

Muitas vezes quando somos convidados a adentrar no lar de alguém, as primeiras coisas que fazemos, ou alertamos aos nossos filhos são, o cuidado com as coisas na mesa, o tom da voz, não responder, sentar direito, ser educado, respeitar o espaço dos outros moradores, mas esquecemos de que na nossa casa, nosso recinto doméstico, também merece essa dedicação e apresso.

No livro Sinal Verde de André Luiz e F. C. Xavier, capítulo 4, somos aconselhados a refletir exatamente sobre isso. Como nos comportamos na nossa própria casa? Será que, assim como fazemos com os outros, fazemos conosco e com os nossos?

A caridade começa em casa! Os gritos, os desequilíbrios desmedidos, a falta de compaixão da escuta atenciosa, a falta de tempo e de amor para quem está do nosso lado, interferem muito no campo astral da nossa casa, o que leva a doenças e atrai os nossos irmãos desencarnados em sofrimento.

Aprender a servir, a perdoar, a tomar as refeições sem alarde, a olhar nos olhos, a sentir com o coração, a ter conversas edificantes a mesa, filtrar o que se assiste na televisão, tudo isso contribui para que nossa casa tenha um ambiente onde queiramos voltar.

Quantas vezes os problemas que nos aparecem são solucionados com uma conversa, quando estamos dispostos a ceder e a ouvir o outro? Pontos de vista são só pontos de vista. Ceder não nos faz piores ou melhor que alguém e sim, nos faz ter um coração em paz.

Evitar brigas, só falar de doenças, de escândalos, críticas e censuras, tudo isso deve ser evitado ao máximo e se preciso que seja falado, que se fale com serenidade, respeito e estritamente necessário. Pensar em como cuidamos da nossa casa interior, mas também da nossa casa do corpo físico, faz parte da rotina do espírita que sabe ouvir a Jesus. Quando o Mestre nos diz em sua primeira fala como “ressuscitado” em João 20, 19 “A paz esteja convosco”, Ele está nos dando a sua paz, mas também nos fazendo lembrar que a gente deve trabalhar por ela, conquistá-la, sem esquecer que a melhor escola é sempre o lar.

Sejamos em casa o que gostaríamos de receber quando chegamos. Façamos com os que moram conosco o que conosco gostaríamos que fosse feito. Sejamos gratos, atenciosos, amorosos, acolhedores. Usemos dos espaços com sabedoria, delicadeza, respeito, serenidade. Olhemos para todos como irmãos que somos em caminhada para a perfeição. Sejamos o lugar onde as pessoas não queiram sair. Sejamos a pessoa que as pessoas pensem e procurem na primeira dor, na paz, na confiança, na segurança, no amor. Pensemos em ser o porto seguro de alguém. Se Jesus viesse passar dias conosco, no nosso lar, no lugar onde voltamos todas as noites depois do trabalho, lugar onde descansamos e nos alimentamos, como nós O trataríamos? Será que Ele se sentiria feliz, respeitado e teria orgulho de nossos esforços por sermos melhores a cada dia? Ou será que Ele teria que ficar mais um tempo conosco nos ensinando novamente a lição ainda não aprendida. Vamos pensar?

E é assim, com esse carinho, respeito e zelo, que devemos cuidar e tratar os que, junto de nós, nessa caminhada terrena, escolhida muitas vezes por nós mesmos, querem e merecem ser tratados. Nós nos escolhemos, nós pedimos para estar aqui. Estarmos encarnados hoje, nesse planeta maravilhoso de expiação e provas é uma oportunidade única e devemos fazer dela o melhor possível.

Sempre digo, devemos sair dessa vida melhor que entramos, mas quais lembranças de nós os nossos terão quando daqui partirmos? O lar é a nossa melhor escola, o nosso primeiro campo de praticar a caridade e o amor.

Danielle Doria

Referência:
Sinal Verde, Pelo Espírito de André Luiz, Francisco C. Xavier. 4ª edição, 1974, Uberaba, MG