paciência,paciência tem limite

286 visualizações

Paciência tem limite!

agosto 28, 2024

É comum ouvir esta máxima popular de quando em quando e, muitas vezes, ao ser pronunciada, o impaciente encorpa o tom de voz como a sugerir que é paciente, mas não pode tolerar o que foi feito ou dito, em uma tentativa de apresentar um sinal inequívoco de que é ponderado e diligente, mas não pode aceitar certas condutas, pois ele teria bom senso e equilíbrio para discernir o certo do errado.

O povo tem outra expressão que, de modo geral, dispara o gatilho para o uso desta famosa frase – pisaram no calo dele –, nessa hora, sem possuir as virtudes da brandura e da compreensão, da pacificação e da tolerância, não restou outra atitude a não ser virar bicho, como se os animais se conduzissem como o animal racional, o homem. O irracional age por instinto, o homem deveria agir com a razão e o sentimento.

As nossas atitudes e palavras, quando em público, muitas vezes, se deixam influenciar pelo nosso temperamento, colorindo o feito e o dito com os traços dominantes de nossa intimidade, dessa forma, alguns esbravejam, socam as mesas, cerram as mãos, gesticulam vivamente, censuram com impropérios, tudo para emprestar peso na fala quando emitem à famosa frase infeliz do alto de seu orgulhoso pedestal de sabedoria.

A manutenção no uso dessa máxima se deve ao fato de que ainda não há entendimento generalizado de que uma virtude, ao ser conquistada, não se extingue nem se enfraquece de um momento para o outro. Se a virtude da paciência ainda não alcançou o seu pleno desenvolvimento, está sujeita a esse tipo de conduta onde o ainda impaciente declara, equivocadamente, ser paciente, mas com reservas.

Uma virtude não se perde, é conquista definitiva, sendo assim, muitos ainda se iludem criando adágios de efeito para as massas crendo-se detentores de particular virtude, mas com limites, o que é um completo contrassenso.

O indivíduo não aprende a amar e deixa de amar de uma hora para outra, a famosa frase o amor é infinito enquanto dura, à parte o seu significado poético, não se sustenta, pois a virtude, uma vez adquirida, é perene. Caso não fosse assim, se Deus houvesse permitido a possibilidade de se perder virtudes em momentos de extrema tensão ou inquietação, após dominá-las, então, não há qualquer razão para que nos fadiguemos na aquisição dessa ou daquela virtude, uma vez que, todo o nosso esforço poderia ser perdido em um instante de cólera, quando diríamos, no caso em exame: paciência tem limite!

Por isso alguém já asseverou que não é sábio emitir opinião ou tomar atitudes em momentos de crise, pois nessas horas, a razão fica de lado, surgindo apenas a emoção, mas, se ela fosse sempre boa, nada haveria a ser comentado, contudo, em ocasiões de conflito, normalmente, as emoções não são salutares e pode-se perder, e muito, mais tarde, quando a cabeça esfriar e perceber-se que agora é tarde: a palavra já foi dita e a atitude intempestiva já foi tomada, em função da perda da paciência. Em momentos de grande tensão é onde a paciência se faz mais necessária, sob pena de surgir o arrependimento logo em seguida.

A impaciência não ajuda a ninguém, imaginemos se Jesus agisse com impaciência em função de nossos muitos deslizes? Será que Ele já teria abandonado a governança da Terra, entregando-a a um Espírito mais paciente do que Ele!?

O cultivo da paciência em mundos como a Terra é necessidade premente, é virtude de primeira ordem. Considerando que, motivos de inquietação surgem a todo momento, sendo difícil manter a calma, não há dúvida, pois as iniquidades parecem ser intermináveis, o desrespeito aos direitos alheios é constante, vindo de todos os lados, testando a paciência daqueles se sentindo prejudicados.

Caso estivéssemos encarnados em outro mundo mais adiantado moralmente, a virtude da paciência não seria tão valorizada, pois em orbes avançados, os motivos para lembrar sobre os limites da paciência, como se pudessem existir, ocorrem com menor frequência, porque a maioria respeita o próximo e a si mesmo, ou seja, cumpre com os seus deveres.

O domínio de virtudes se faz com o seu exercício continuado, e, sem insistir na sua vivência e cultivo, jamais seremos pacientes como Jó.

É por esta razão que Pedro de Camargo Vinícius escreveu sobre o tema em análise afirmando: só se perde o que se tem, invalidando frontalmente a sustentação lógica da máxima: paciência tem limite! (1)

Rogério Miguez

Referência:
(1) VINÍCIUS. Em torno do Mestre. ed. 5. Rio de Janeiro/RJ: FEB, 1985. Paciência não se perde.

Rogério Miguez
Rogério Miguez

Trabalhador da Doutrina Espírita desde a Mocidade, tendo atuado no estado de Rio de Janeiro em algumas Casas e, atualmente, em São José dos Campos/SP nos Centros Amor e Caridade, Jacob e Divino Mestre. Colabora em Cursos, Exposições, Atendimento Fraterno e Passes, sendo articulista dos periódicos Reformador e Revista Internacional de Espiritismo.

Deixe aqui seu comentário:

Divulgue o cartaz do seu evento espírita.

Clique aqui
Abrir bate-papo
Precisa de ajuda?
Olá! Como podemos ajudá-lo(a)?