Obsessores,Obsessão

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Os obsessores e a obsessão

outubro 6, 2024

A criação de Espíritos é contínua, assim eles próprios nos disseram, nunca foi interrompida, sendo esta atividade controlada por Deus, e Ele tem criado Espíritos por toda a eternidade.

Após a passagem pelos reinos inferiores da natureza, ainda como princípio espiritual, e a consequente individualização – agora Espírito -, adquiri incomensurável experiência ao reencarnar uma, duas, inúmeras vezes, no reino hominal, até atingir tal estágio de evolução, que alcança a condição de Espírito puro, quando não mais reencarna obrigatoriamente, contudo, podendo fazê-lo em missões especiais, tal foi o exemplo de Jesus. Alcançando esse ponto, participará e promoverá o progresso de outros Espíritos e planetas, tudo sob a regência de Deus, não há dúvida.

O mundo espiritual é o mundo natural, onde permaneceremos definitivamente após a conquista da relativa perfeição, meta fatal a qual estamos todos destinados pela Lei do Progresso criada por Deus. Quando não estamos encarnados, estamos do lado de lá, aguardando e, quem sabe, preparando-nos para uma nova encarnação, período este chamado de Erraticidade, quando, de modo geral, estamos também progredindo. Dizemos de modo geral, pois há Espíritos que sequer sabem que desencarnaram. Neste estado de incompreensão, não podem estar aguardando para reencarnar; tampouco podem estar preparando-se para tanto; também não estão progredindo, pois é preciso dar tempo ao tempo, até adquirirem consciência de seu estado de mortos e, juntos com os Espíritos encarregados dos processos reencarnatórios, estabelecer um novo programa para aproveitamento na Terra, com provas e expiações adequadas e úteis ao seu progresso.

Por outro lado, a sabedoria e bondade das leis divinas é tamanha que, mesmo estes desinformados sobre a continuidade da vida, nessa particular fase, encontrando-se provisoriamente estacionários em sua evolução, quando ainda não readquiriram sua consciência plena sobre a mudança de estado vibratório que os alcançou, podem ser ajudados pelo mecanismo da reencarnação compulsória, considerando que perderam temporariamente a noção da própria existência, bem como do uso do livre-arbítrio e, em consequência, o poder de decisão sobre seus caminhos. Nessa condição, precisam ser provisoriamente tutelados por entidades mais esclarecidas, por exemplo, seus Espíritos guardiões.

Para alcançar a perfeição possível, permitida, desejada e determinada por Deus – essa uma das raríssimas fatalidades nas leis eternas -, interagimos continuamente tanto quando encarnados, entre os vivos, quanto desencarnados, entre os mortos, existindo também intensa e contínua troca de ideias e pensamentos entre os dois planos. As relações dos Espíritos, sejam bons ou maus, é espontânea, regida pelo livre-arbítrio de cada qual. Estas interações ajudam-nos a desenvolver virtudes e inteligência, os dois campos de aprendizado que precisamos construir e dominar.

Os relacionamentos entre Espíritos sempre existiram e, do que se permite perceber pelo nosso atual nível de conhecimento, sempre existirão. Estes contatos mútuos, realizados a título de exemplo, quando formamos as famílias, nos aprimoram, viabilizando o crescimento moral e intelectual, além de servir de mecanismo de reparação ou de compensação de faltas do passado, e, evidentemente, de colheita de bons frutos quando nos pautamos em nossas anteriores existências conforme as leis eternas.

Entretanto, nem sempre nos relacionamos de forma construtiva, amistosa, fraterna. O egoísmo e orgulho ainda contaminam e dificultam as nossas ações e realizações, muitas vezes em detrimento do próximo e de nós mesmos.  Desde existências passadas, e muitos ainda agem desta forma no presente, aprendemos a usar a força, o controle psicológico e as transitórias posições de mando para exercer dominação e constrangimento sobre os mais fracos ou sobre aqueles que se encontravam ou se encontram provisoriamente sob nossa dependência.

Na ocorrência de algum prejuízo nas relações sociais, de trabalho, de família, entre outros, surge um débito. De modo semelhante, se há algum benefício, surge um crédito. Este débito, moral ou material, deve ser necessariamente reparado, seja pela dor e sofrimento, ou pelo amor, por meio de ações positivas, construtivas, conforme observou-nos Pedro (1):

Mas, tendo antes de tudo ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados.

O inolvidável Apóstolo, ensinou assim que, se não houver amor, o pecado, ou seja, qualquer transgressão às leis divinas, permanece descoberto, devendo ser reparado mais cedo ou mais tarde, pois o bem feito em qualquer época, não importando a quem, sempre se contrapõe ao mal que se fez no passado, de acordo com a Contabilidade do Amor.

Entretanto, quando não desfazemos pelo amor as consequências dos nossos equívocos, ou inobservâncias às Leis do Criador – esta última talvez a melhor definição do conceito de pecado -, esses mesmos princípios imutáveis de Deus, sempre trabalhando em nosso favor, nesse caso, permitirão a outros Espíritos servirem de mecanismo de reparação das nossas faltas cometidas. Tudo acontece visando a nossa educação, sem o contexto de vingança ou punição por parte do Criador, e, dentro do limite da reparação do mal sofrido, não há jamais cobranças em excesso, pois a educação não pode ser construída através da imposição.

Desta forma, Espíritos que, por livre escolha, exercendo o seu pleno livre-arbítrio, nunca nascidos, determinados ou designados fatalmente por Deus para este específico fim, adquirem a condição de cobrar o ressarcimento dos prejuízos que se supõem atingidos no passado, ou mesmo nesta existência – são os obsessores. Representam possíveis agentes deste mecanismo da Lei do Progresso, ao qual estaremos submetidos ainda por longo tempo – a obsessão -, sendo este um dos variados efeitos indesejados da ação dos Espíritos, sejam desencarnados, ou encarnados, uns sobre os outros. Este desejo de vingança pessoal existirá até o momento em que apenas o amor norteie todos os nossos feitos e pensamentos, viabilizando a chegada do imprescindível perdão.

Contudo, o desforço representa apenas uma das muitas razões do assédio entre Espíritos desencarnados sobre encarnados, a modalidade mais conhecida da obsessão, popularmente conhecida por encosto. Há variadas motivações materiais e imateriais, provocando obsessões, em diversos graus, de diferentes modalidades, indiscriminadamente, entre a população encarnada e a desencarnada.

Estas influenciações sempre existiram, acompanham o caminhar da Humanidade, exceto no início da marcha evolutiva de cada um, quando os Espíritos encarnados ainda não tinham um passado delituoso, portanto, não podiam ser cobrados em nada, não havia resgates a realizar. Nessa fase, éramos acompanhados apenas pelos Espíritos protetores que cuidavam do andamento das particulares jornadas de outros Espíritos ainda incipientes e ignorantes, exceto, se o Espírito tivesse vindo de outros mundos, nesse caso, poderia já reencarnar com débitos, sujeito assim à cobranças de possíveis obsessores.

As interações entre Espíritos, quando não construtivas, são o maior problema enfrentado visto que a obsessão espiritual, não aquela entendida e analisada pela Medicina clássica, é uma enfermidade moral quase generalizada, grassando sem quartel nos quatros cantos do mundo, uma verdadeira epidemia desconhecida e, dependendo do caso, de longo e difícil trato.

Sendo por esta razão que Allan Kardec registrou (2):

Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a humanidade se vê a braços neste mundo.

Esse flagelo é tão danoso que causou e causa mais males à Humanidade do que todas as guerras em conjunto, pois, assim cremos que,  todos os políticos, conquistadores, reis e rainhas, déspotas de todos os tempos, tiveram a motivação de iniciar suas campanhas guerreiras por conta do egoísmo e orgulho, ainda predominantes, entretanto, seguramente, também tiveram a sua sanha belicosa atiçada por obsessores que nada mais desejavam do que causar males sem conta aos povos de então, sendo as batalhas e conflitos bélicos mecanismos com a capacidade de promover grandes prejuízos às coletividades.

Observamos que essa constatação do Mestre de Lyon, já havia sido notada e revelada pelo Mestre dos mestres – Jesus -, nessa particular passagem (3):

E perguntou-lhe [Jesus]: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe ele: Legião é meu nome, porque somos muitos.

É de se notar que há legiões de obsessores, pois a Terra ainda abriga Espíritos com acentuados passivos morais. Tão logo haja uma melhora na conduta moral da população da Terra – encarnada e desencarnada -, esses processos obsessivos irão perdendo a sua intensidade, sendo substituídos, gradativamente, por comportamentos mais humanos e generosos, transformando também a atmosfera psíquica do planeta, hoje caracterizada pelas vibrações negativas e maléficas, que tanto favorecem as vinganças e a prática dos vícios, algumas causas das obsessões.

Entretanto, Deus é Pai, amoroso e misericordioso, e está promovendo a melhora da Terra por meio de Suas sábias leis, providenciando a sua evolução de mundo de provas e expiações para regeneração, através da substituição de milhões de Espíritos moralmente atrasados, por outros mais evoluídos, oriundos de mundos mais adiantados.

O resultado não se fará tardar, pois a retirada dos retrógrados já se faz há décadas, favorecendo o progresso dessa pequena parte da Humanidade Universal, que hoje, crê-se, deva ter alcançado o ápice da maldade, conforme predito pela Doutrina dos Imortais: o homem, ao atingir o mal generalizado, insatisfeito, passa a desejar ardentemente o bem.

Obsessores e obsessões espirituais: em breve, não nos lembraremos mais destes flagelos, farão parte apenas dos registros da História espiritualista.

Esperamos fazer por merecer a permanência na Terra para logo poder viver esses tempos gloriosos, quando poderemos conviver em relativa harmonia, em paz e sem armas, antecipando as doces vibrações que nos aguardam no futuro.

Rogério Miguez

Referências:
(1) BÍBLIA. N.T. 1 Pedro. O novo testamento.  Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro. Imprensa Bíblica Brasileira, 1966. cap. 4, vers. 8;
(2) KARDEC, Allan. A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Brasília: FEB, 2013. cap. XIV, item 45; e
(3) BÍBLIA. N.T. Marcos. O novo testamento.  Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro. Imprensa Bíblica Brasileira, 1966. cap. 5, vers. 9.

Rogério Miguez
Rogério Miguez

Trabalhador da Doutrina Espírita desde a Mocidade, tendo atuado no estado de Rio de Janeiro em algumas Casas e, atualmente, em São José dos Campos/SP nos Centros Amor e Caridade, Jacob e Divino Mestre. Colabora em Cursos, Exposições, Atendimento Fraterno e Passes, sendo articulista dos periódicos Reformador e Revista Internacional de Espiritismo.

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