conselhos aos outros

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Conselhos aos outros?

outubro 8, 2024

Quando nos julgamos mais maduros, mais vividos, muito frequentemente queremos dar conselhos aos outros, ou dizer verdades aos nossos seres amados, que muitas vezes não escutam e até se irritam com o que falamos. Por que será?

Por exemplo, um parente querido nosso que sofre de obesidade mórbida e está com problemas sérios de saúde, enquanto não despertar sua consciência para alavancar a vontade em superar o vício de comer, os conselhos externos parecerão infrutíferos.

Tentamos alertá-lo, o que resultou em uma mágoa por parte dele que nos causou muita culpa, mesmo que nossa intenção fosse a melhor possível. O que fazer?

E agora que alguns sites de jogos de apostas foram liberados e muitas pessoas estão comprometendo suas suadas rendas, alimentando o vício nocivo? Como abordar uma pessoa assim? Aliás, há que se ter a passividade de uma pomba, mas a prudência das serpentes. Temos as eleições no Brasil, convém pesquisar quem são os candidatos éticos que não votam a favor de projetos nocivos à sociedade, o que constitui uma caridade a todos. O que fazer com essas pessoas?

Precisamos ter muito tato, muita indulgência para não magoar mais ainda a pessoa que já está em uma grande dificuldade, mesmo que não conscientemente. E, será que sempre temos essas qualidades? Será que não é mais produtivo calar-se e rezar, e muito, por ela?

As orientações de São Luiz em O Evangelho Segundo o Espiritismo (1) são as mais adequadas para esses casos:

Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo?
Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquanto cada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretudo, daqueles cuja tutela vos foi confiada. Por isso mesmo, deveis fazê-lo com moderação, para um fim útil, e não, como as mais das vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensão é uma maldade; no primeiro é um dever que a caridade manda seja cumprido com todo o cuidado possível. Ademais, a censura que alguém faça a outrem deve ao mesmo tempo dirigi-la a si próprio, procurando saber se não a terá merecido. – São Luiz (Paris, 1860)

Sempre a nossa intenção é importante, mas aquele jeitinho especial demanda muita caridade, muito “colocar-se no lugar do outro”, e, melhor ainda, se já conhecemos bem a pessoa e sabemos o que machuca demais nela. Mas, mesmo assim, convém fazer uma prece antes, porque os nossos protetores certamente nos guiarão com as melhores palavras para o que for importante na comunicação a quem queremos ajudar.

Hoje tudo é muito rápido, impulsivo, frio, e esquecemos que quando lidamos com os sentimentos dos outros, precisamos da cautela máxima sugerida por Jesus!

Quando duas pessoas travam conversação acerca de qualquer assunto, elas respiram os fluidos compatíveis com o que conversam, pela aplicação da lei natural. A mente é um poderoso laboratório, onde se transformam ondas e raios sutis da natureza em magnetismo vivo, portador daquilo que realmente somos.
Jesus mostra o lado espiritual da palavra quando, ao ver e sentir o magnetismo causticante daqueles que, vestidos de ovelhas, conservam a inferioridade dos lobos, por desconhecerem o amor, assim proclama: “Raça de víboras, como podeis falar cousas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração”. MT, 12:34. (2)

Pois é, sempre o Mestre Jesus a nos guiar. E seus prepostos estão lá nos céus a nos ajudar em tudo e sempre. Quando lemos livros como os psicografados por Francisco Cândido Xavier, como por exemplo a coleção Vida no Mundo Espiritual do Espírito André Luiz, aprendemos o quanto somos inspirados e salvos nas situações difíceis e na justa medida de nossas necessidades e sem ferir o nosso livre-arbítrio. Aí está a questão delicada para os que se consideram aptos aos conselhos.

A ideia então de ajudarmos os nossos afetos, requer a prece a Jesus, o tato, a caridade e a não interferência no livre-arbítrio deles. É aparentemente difícil, mas nada que o amor sincero não resolva.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Referências Bibliográficas:
(1) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. X, item 19
(2) MAIA, João Nunes, pelo Espírito Miramez. Horizontes da Fala. Cap.46.

Nota do Editor:

Imagem em destaque obtida em <https://pixabay.com/illustrations/woman-light-bulb-brain-mindset-5683700/>. Acesso em 08OUT2024.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves
Maria Lúcia Garbini Gonçalves

Tradutora, mora em Porto Alegre/RS, estudante da Doutrina Espírita, trabalha no Grupo Espírita Francisco Xavier como médium.

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