
Deus ou Mamon?
O Céu e a Terra passarão, mas minhas palavras não passarão. (S. Mt. 24:35)
Jesus afirmou essa profecia sobre os destinos da nossa Terra. São chegados os tempos em que os Seus ensinamentos criaram raízes nos corações despertos, ou caíram em solo infértil e que “passarão”.
Está em A Gênese (1), no capítulo Predições do Evangelho, item 26: As palavras de Jesus não passarão, porque serão verdadeiras em todos os tempos. Será eterno o seu código de moral, porque consagra as condições do bem que conduz o homem ao seu destino eterno.
Kardec desenvolve esse trecho questionando:
– Essas palavras chegaram puras, livres de falsas interpretações, sem preconceitos por ignorância das Leis naturais?
– Todas as seitas cristãs compreenderam sua profundidade?
– Essas seitas usaram-nas para elevarem-se ao céu, e não para dominar, servir às suas ambições e interesses materiais terrenos?
– Essas seitas cristãs incentivaram profundamente as virtudes de Jesus, que era a condição de salvação de Jesus?
Infelizmente, vendo os acontecimentos que ocorrem em nosso querido mas maltratado planeta Terra, a resposta às perguntas de Kardec, ainda são um “não”.
E Kardec continua: “Se todas houvessem apreendido o sentido verdadeiro do ensino evangélico, todas se teriam encontrado no mesmo terreno e não existiriam seitas.” Ou seja, a verdade seria a mesma para todas as seitas cristãs que entenderam em profundidade o Evangelho.
Swami Vivekananda, um pensador indiano, disse: “Quando o mundo é um fim e Deus é um meio, você é um materialista. Quando Deus é um fim e o mundo é um meio, você é um espiritualista.” A conclusão inevitável é que a maior parte de nossa humanidade é materialista. Poucos dão espírito ao ensinamento maior que o Mestre resumiu na lei do Amor: Poucos fazem ao próximo o que gostariam para si. Poucos amam a si mesmos, pois nem têm entendimentos do que é amar-se, quanto dirá, amar ao próximo. Poucos entenderam o significado de “Homem, conhece-te a ti mesmo”; “Olhai, vigiai e orai”. Mas felizmente, quando um se ilumina, resplandece ao seu arredor. A função de religiões cristãs seria de expandir a consciência para que no futuro o conhecimento trazido pela ciência valide a espiritualidade. O Espiritismo veio facilitar definitivamente esse processo. Kardec trouxe a chave para compreendermos a lógica de Jesus:
“Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e, semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos dos cegos”.(2)
É emocionante, épico, saber que temos um exército da salvação, não?
Repare, leitor, que o capítulo XVI de O Evangelho Segundo o Espiritismo (3), onde Jesus nos ensina que não podemos servir a Deus e a Mamon (dinheiro, materialismo), embasa a feliz inspiração recebida pelo indiano citado acima. Quando o ser humano aproveita a oportunidade reencarnatória para o seu progresso espiritual, ele está seguindo os passos do Mestre para chegar a Deus, que é uma longa trajetória, mas ela está na esteira da paz interior, da felicidade, da verdade.
Voltando ao assunto da cegueira humana, Jesus profetiza que isso deve estar mudando, já que estamos em transição, quando se decide se queremos Deus ou o materialismo, vejam o que Kardec continua explicando em A Gênese:
O que não passará é o verdadeiro sentido das palavras de Jesus; o que passará é o que os homens construíram sobre o sentido falso que deram a essas mesmas palavras.
Tendo por missão transmitir aos homens o pensamento de Deus, somente a sua doutrina, em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento. Por isso foi que ele disse: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada.
Agora nos resta fazer a nossa parte com muita disciplina e foco, que podemos resumir em o autoconhecimento, conhecimento e prática do bem, e confiar que, apesar de estarmos num barco no meio de uma tempestade, estamos com o Mestre no leme. Vamos ter Fé com letra maiúscula! Assim, estaremos com o Pai, que confiou a Jesus velar por nós. Bem-aventurados são os aflitos que escolheram a Deus. Confiemos na harmonia Divina.
Maria Lúcia Garbini Gonçalves
Referências:
(1) KARDEC, Allan. A Gênese . Cap. Predições do Evangelho, item 26. Editora Feb.
(2) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. Editora Feb.
(3) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XVI. Editora Feb.
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