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A veste no guarda-roupa

outubro 25, 2017

As cenas mais fortes dos filmes de horror, aquelas “de arrepiar”, mostram, geralmente, urnas funerárias e cadáveres.

Os cineastas que exploram o medo mórbido e atávico da criatura humana em relação à morte, para atender os que cultivam o insólito prazer de levar sustos, ver-se-ão na contingência de escolher outros temas à medida que compreendermos que o caixão fúnebre é apenas uma caixa de madeira forrada de pano e que o cadáver nada mais é que a vestimenta carnal de alguém que, após o estágio terrestre, regressou ao mundo de origem − o Plano Espiritual.

Seria ridículo sentir arrepios ao contemplar um guarda-roupa ou, dentro dele, o traje de um familiar ausente.

No entanto, é exatamente isso que ocorre com muita gente em relação à morte.

Conhecemos pessoas que, sistematicamente, recusam-se comparecer a velórios, refratárias a contatos com caixões e defuntos, mesmo quando se trate de familiares, dominadas por indefiníveis temores.

Provavelmente têm traumas relacionados com ocorrências trágicas no pretérito.

Para a grande maioria, entretanto, o problema tem origem na forma inadequada de encarar a grande transição, principalmente por um defeito de formação na idade infantil.

Lembro-me de que nos meus verdes anos, várias vezes fui levado a beijar familiares mortos, o que fazia com constrangimento, avesso ao contato de meus lábios com a face fria, descorada e rígida de alguém que eu conhecera pleno de vida, com quem convivera e que agora se quedava, inerte, solene, sombrio…

E me deixava contagiar pelas lágrimas de desespero e doridas lamentações dos menos comedidos, sedimentando em minha cabeça a ideia de que a morte é algo de terrível e apavorante, uma infeliz imagem que somente na idade adulta, com o conhecimento espírita, consegui superar.

É preciso muito cuidado com as crianças, habituando-as à concepção de que somos seres espirituais imortais, usando uma veste de carne que um dia deixaremos, assim como se abandona um traje desgastado, após determinado tempo de uso.

É dessa forma que o corpo sem vida deve ser mostrado à criança, quando se disponha a vê-lo, explicando-lhe, em imagens singelas, de acordo com seu entendimento, que o vovô, a titia, o papai ou qualquer familiar desencarnado, foi morar em outro lugar, onde terá roupa nova e bem melhor.

Igualmente importante é o exemplo de serenidade e equilíbrio dos adultos, oferecendo aos pequenos uma visão mais adequada da morte, situando-a como a separação transitória de alguém que não morreu.

Apenas partiu.

Richard Simonetti

Notas do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em
<http://doutrinaespiritak.blogspot.com.br/2011/05/desencarnacao-morte-e-retorno-ao-mundo.html>.
Acesso em: 25OUT2017.      

Richard Simonetti responde a perguntas, com som e imagem, pela www.radioceac.com.br às 6as. feiras, das 15h às 16h30.

Richard Simonetti IN MEMORIAM
Richard Simonetti IN MEMORIAM

Richard Simonetti é de Bauru, Estado de São Paulo. Nasceu em 10 de outubro de 1935 e Desencarnou em 03 de Outubro de 2018. De família espírita, participou do movimento desde os verdes anos, integrado no Centro Espírita Amor e Caridade, onde desenvolveu largo trabalho no campo doutrinário e filantrópico. Orador e Escritor espírita, teve mais de cinquenta obras publicadas.

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