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Salvemo-nos!

março 1, 2020

Salvação – libertação e preservação do Espírito contra o perigo de maiores males,
no próprio caminho, a fim de que se confie à construção da própria felicidade,
nos domínios do bem, elevando-se a passos mais altos de evolução.”(1)

 

A definição transcrita acima foi elaborada por um antigo médico da Terra, ainda desencarnado, até onde sabemos, e popularmente conhecido entre os espíritas com o nome de André Luiz. Inserida no livro O Espírito da Verdade, compõe uma relação de outras significativas e bem delineadas definições. Vale a pena que todas sejam lidas e detidamente analisadas.

Nesta, trata o autor espiritual do tema Salvação, preocupação de muitos, talvez da maioria espírita, porquanto, salvar-se ainda se apresenta como um desfecho incerto ao final desta vida, e nada garantido.

O tema ganha conotação especial entre os espíritas, pois, em plena fase de transição planetária, quando este mundo deixará de pertencer à categoria de Provas e Expiações avançando para Regeneração, todos se perguntam apreensivos: após esta vida, serei merecedor de permanecer na Terra, ou serei “convidado” a reencarnar em outro planeta, sendo esta uma das possibilidades de entendimento do conceito espírita para se salvar?

A preocupação ganha força quando se faz uma ligeira e despretensiosa comparação, porquanto, se muitos Espíritos de Capela, altamente evoluídos tecnologicamente, devido a condutas morais destoantes daquelas características do conjunto dos habitantes encarnados naquele corpo celeste, foram degredados para o planeta Terra há alguns milhares de anos, quando este mundo ainda se encontrava em uma condição de quase barbárie, caso não promovamos a própria salvação, indagamos hesitantes: para qual mundo seremos encaminhados a reencarnar, considerando que os que se salvarem, se assim o desejarem, continuarão neste orbe!?

A proposta da salvação, conforme esclarece André Luiz, destaca a necessidade de nossa libertação e consequente preservação de males maiores, pois males menores já os estamos vivendo em larga escala, e há bom tempo, frutos amargos de nossa imprevidência e inobservância das Leis Divinas, nesta própria e em várias outras vidas pregressas.

De fato, enquanto permanecermos prisioneiros das paixões e do nosso desmedido ego, jamais alcançaremos a condição da salvação, cativos que estaremos das nossas próprias mazelas morais. Salvar-se pode significar libertar-se, porém, de quem ou do quê? De si mesmo e das apaixonadas e viciantes condutas forjadas e construídas em nosso passado, por nós mesmos e em nós mesmos. São traços de nossa personalidade atual que agora já percebemos não nos interessar manter, entretanto, estas tendências natas permanecem vivas e atuantes, com possibilidade concreta de nos desviar da rota precisa, exigindo, assim, esforço redobrado de nossa parte para eliminá-las definitivamente e por completo.

Em seguida, André Luiz elucida: salvar-se conduz à felicidade, porém, esta não é uma conquista vã garantindo apenas acesso às regiões celestiais próximas de Deus. Não! Sentindo-se salvo, o Espírito já desfruta agora da felicidade, não precisando aguardar a desencarnação para só então usufruir as “merecidas” benesses, como se estas representassem um prêmio para os seus esforços continuados em bem viver. A conduta reta já proporciona desde agora um bem-estar imenso, conferindo àquele que a vivencia e experimenta, momentos de plena satisfação e paz interior, a se traduzirem por um sentimento íntimo de que já está salvo, ou pelo menos trilhando o caminho certo.

Finalmente, salvar-se para quê?, conclui André Luiz: para se elevar a passos mais largos e seguros em nossa própria evolução, tarefa pessoal, impostergável e intransferível. O objetivo é simples: evoluir mais, melhorando o entendimento das Leis de Deus e consequentemente integrando-se de forma plena e definitiva na obra celeste, conferindo-nos, em consequência, a condição de participar como cocriadores do Universo, sempre com orientação divina.

Em outra forma de se enxergar o tema, a proposta espírita também sugere a seus seguidores e adeptos a simples observância dos preceitos muito bem vividos pela nossa maior referência: Jesus, o Cristo de Deus. A redenção acontecerá naturalmente com o cumprimento das recomendações do Mestre dos Mestres, materializada em seus inúmeros exemplos de vida.

Nos relatos dos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, estão registradas lições precisas e preciosas, e todos nós necessitamos aprendê-las e principalmente praticá-las. Coube à Doutrina o papel de reavivar aqueles tempos memoráveis, proporcionando condições de se recuperar a singeleza da forma de se adorar a Deus, tão bem expressa pelo Rabi da Galileia, e mais, explicando, complementando, trazendo novos e interessantes exemplos educativos de muitas vidas, nos relatos dos Espíritos desencarnados que, nos últimos tempos à mercê da Misericórdia Divina, ressuscitaram em massa dos seus túmulos, não com os seus corpos consumidos e carcomidos pelo tempo, mas com as suas vestes perispirituais, com o único e exclusivo fim de nos incentivar a seguir apenas o caminho do bem, atitude segura a nos conferir certamente uma posição futura entre os justos.

Ainda com Ele, agora no Sermão do Monte, nosso Amigo Incomparável ajuda-nos apontando um outro possível caminho a todos os desejosos de permanecer na Terra, e o faz magistralmente, por meio da terceira bem-aventurança, quando ensina: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (Mateus 5:5).(2) Qual o significado deste preceito, perguntamos temerosos e de acordo com os nossos acanhados conhecimentos das máximas eternas? Interpretando literalmente a resumida frase, mas de profundo significado e alcance, pode-se afirmar que todos aqueles que se fizerem cordatos, brandos, tolerantes, dóceis, em suma, mansos, terão lugar garantido neste mesmo planeta, em futuro próximo.

A posição doutrinária é direta e cristalina: salvar-se-ão todos aqueles seguidores do caminho do bem, de modo amplo, total e irrestrito, dentro de suas possibilidades e empregando cada um os seus variados talentos presentes na atual existência.

Voltando a André Luiz, percebe-se que ele, com poucas palavras, também foi muito feliz ao delinear, sucintamente, uma bússola segura indicadora do norte da salvação. Usemo-la, pois, hoje e sempre!

Rogério Miguez

Referências:
(1) XAVIER, Francisco C., VIEIRA, Waldo. O Espírito da Verdade. Autores diversos. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB Editora, 1982. cap. 8 – A rigor; e
(2) DIAS, Haroldo Dutra. O Novo Testamento. Autores diversos. 1. ed. Brasília: FEB Editora, 2013. pág. 49.

Nota do editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em <https://pt.dreamstime.com/photos-images/caminho-com-flores.html>. Acesso em: 29FEV2020.

Rogério Miguez
Rogério Miguez

Trabalhador da Doutrina Espírita desde a Mocidade, tendo atuado no estado de Rio de Janeiro em algumas Casas e, atualmente, em São José dos Campos/SP nos Centros Amor e Caridade, Jacob e Divino Mestre. Colabora em Cursos, Exposições, Atendimento Fraterno e Passes, sendo articulista dos periódicos Reformador e Revista Internacional de Espiritismo.

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