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Joana Angélica de Jesus – Bicentenário de desencarnação

fevereiro 26, 2022

Existem certas jornadas terrenas que marcam indelevelmente a trajetória dos Espíritos. Os exemplos deixados por estes missionários contribuem, significativamente, para o aprendizado daqueles que tiveram a oportunidade ímpar de conviver com eles, criando, a partir desse relacionamento, condições para o registro de suas nobres ações, em definitivo, nos anais da História.

Com certeza, um destes Espíritos foi Joana Angélica de Jesus.

Esta religiosa baiana, pertencente à Ordem das Reformadas de Nossa Senhora da Conceição, é considerada mártir da Independência brasileira.

Nascida durante o período colonial, morreu aos 60 anos, em 20 de fevereiro de 1822, atingida por um golpe de baioneta ao resistir à invasão pelas tropas portuguesas ao Convento da Lapa, em Salvador, tornando-se assim, a primeira heroína da Independência do Brasil. (1)

Esta valorosa mulher, anteriormente, já dera mostras de seu alto nível de moralidade e ética, quando, à época de Jesus, então conhecida por Joana de Cusa, seguidora do Cristo, procura o Mestre para se aconselhar sobre a conduta a adotar diante do intendente de Ântipas, seu esposo.

Conforme relata Humberto de Campos, Jesus orientou-a a ter paciência com o alto funcionário de Herodes, já que ele não tolerava a doutrina do Rabi da Galileia, preferindo oscilar entre a fé nos princípios judaicos e os deuses romanos, posição política que com certeza o favorecia. Entretanto, as divergências religiosas a estavam martirizando. O Nazareno, após ouvi-la pacientemente, como agia com todos, sugere que ela deveria permanecer por mais algum tempo ao lado do esposo, justificando sua recomendação ao lembrar que apenas os doentes precisam dos médicos.

Sabe-se que, ao final de sua resignada existência de verdadeira seguidora do Cristo, no ano 68, encontra a morte provocada pelas labaredas de uma fogueira preparada especialmente pelos perseguidores de Jesus, sendo queimada viva juntamente com um de seus filhos, pois se recusou a negar sua fé no Carpinteiro. (2)

Entretanto, à estas duas inesquecíveis Joanas devemos lembrar outra personagem vivida por este extraordinário Espírito: Juana Inés de la Cruz (1651-1695), pseudônimo religioso da escritora mexicana Juana de Asbaje, que viveu durante o século XVII. Poetisa de raro valor literário, certamente possuidora de outras virtudes, morreu depois de cuidar de várias irmãs doentes de uma praga que assolou seu convento, em 17 de abril de 1695, aos 43 anos. (3)

Como se não bastasse, há algumas décadas o tribuno Divaldo Franco revelou que seu guia espiritual se chama: Joanna de Ângelis, adicionando que ela foi a mesma Joana das três citações anteriores.

Houve também outra revelação, a de que o filho queimado na fogueira com sua mãe, Joana de Cusa, foi o amigo particular de Divaldo Franco nesta existência, chamado Nilson de Souza Pereira, desencarnado em 21 de novembro de 2013. (4)

Particularmente, Joanna de Ângelis, em função de suas anteriores atuações no campo religioso da Igreja Católica Apostólica Romana, se preparou para a tarefa de não só orientar Divaldo Franco em sua missão relacionada à difusão do Espiritismo, como também, aprofundar ensinos na área psicológica, propondo condutas psicoterapêuticas lastreadas nos imorredouros exemplos do Evangelho e nas lições da Doutrina dos Imortais, que tanto têm contribuído para elucidar questões relacionadas à personalidade e ao caráter das criaturas.

Diferentemente das existências em que se fez notável com o nome de Joana, esta entidade também atuou no cenário terreno, com relevância para a evolução desta Humanidade, com o nome de Clara de Assis, durante o século XIII, seguidora do inesquecível Francisco de Assis, fundando a Ordem das Clarissas.

A propósito, Joana: significa “Deus é cheio de graça”, “agraciada por Deus” ou “a graça e misericórdia de Deus” e “Deus perdoa”.

O nome Joana tem origem no latim Iohanna e é a variante feminina de João, proveniente do hebraico Yehokhanan, resultado da união dos elementos Yah, “Javé, Jeová, Deus”, e hannah, “graça”. (5)

São exemplos de conduta de que carece a nossa tão sofrida Humanidade. Quem dera os tivéssemos em quantidade! O Mundo seria outro. Entretanto, ainda são muito escassos.

É em função desta raridade na existência de vidas verdadeiramente altruístas e sacrificiais que, quando surgem, são de pronto veneradas, estudadas, debatidas, algumas mesmo elevadas à condição de santa, pela Igreja, como é o caso de Clara de Assis.

Contudo, mesmo sabendo que estas figuras singulares são incomuns, pois é preciso ter se desenvolvido sobremaneira em muitas virtudes para deixar uma marca construtiva permanente em nossa História, podemos e devemos nos esforçar ao máximo, visando promover significativos avanços morais e éticos em nossas particulares jornadas, para quem sabe, em futuro não muito distante, também podermos contribuir para a melhoria do nível moral e ético do nosso planeta.

A propósito, jamais nos será pedido, para atestar a nossa fé, que nos entreguemos às chamas de uma fogueira juntamente com algum de nossos filhos biológicos, como ocorreu com Joana de Cusa, nem, muito menos, que nos deixemos ser transpassados pela lâmina afiada de um bruto, conforme sucedeu com Joana Angélica de Jesus, na defesa de suas irmãs do Convento; nem, por fim, que nos voluntariemos para cuidar de doentes esquecidos pela sociedade, como se deu com Juana Inés de La Cruz.

Nosso Pai Maior pede apenas que demonstremos alguma dedicação, solidariedade, fraternidade em relação aos que nos cercam; assim agindo, já teremos feito muito, em um mundo onde o fazer ao próximo o que gostaríamos que nos fizessem, é considerada por muitos uma máxima ultrapassada.

Atestados grandiosos de desapego à vida são próprios dos grandes Espíritos.

Estudemos detidamente estas especiais biografias; inspiremo-nos nestas valorosas personalidades, buscando também realizar existências de excelência no bem, a fim de contribuirmos para a evolução do nosso planeta e de todos os seus integrantes.

Rogério Miguez

Referências:
(1)   Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Joana_Ang%C3%A9lica>. Acesso em: 3 ago. 2021.
(2)   XAVIER, Francisco C. Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. 37. ed. 15. imp. Brasília, DF: FEB, 2020. cap. 15 – Joana de Cusa.
(3)   Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Juana_In%C3%A9s_de_la_Cruz>. Acesso em: 3 ago. 2021.
(4)   Disponível em: <http://www.feparana.com.br/topico/?topico=749>. Acesso em: 3 ago. 2021.
(5)   Disponível em: < https://www.dicionariodenomesproprios.com.br/joana/>. Acesso em: 3 ago. 2021.

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em < http://www.oconsolador.com.br/ano12/607/especial2.html>. Acesso em: 26FEV2022.

Rogério Miguez
Rogério Miguez

Trabalhador da Doutrina Espírita desde a Mocidade, tendo atuado no estado de Rio de Janeiro em algumas Casas e, atualmente, em São José dos Campos/SP nos Centros Amor e Caridade, Jacob e Divino Mestre. Colabora em Cursos, Exposições, Atendimento Fraterno e Passes, sendo articulista dos periódicos Reformador e Revista Internacional de Espiritismo.

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