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Aceitação

setembro 3, 2023

O item 13 do Capítulo V de O Evangelho segundo o Espiritismo-OESE inicia com a frase “o homem pode amenizar ou aumentar a amargura das provas por sua maneira de encarar a vida terrestre”.

Assim, infere-se que o substantivo feminino “aceitação” se mostra como o centro da ideia posta na frase, no sentido de que aceitar a nossa realidade tal qual é representa uma atitude benéfica nas nossas vidas.

Mas por que a aceitação do que nos ocorre seria uma atitude dita benéfica se lemos em vários livros que precisamos sair do comodismo e lutar para melhorar o que nos deixa descontentes, o que nos infelicita?

De fato, existem situações nas nossas vidas no corpo carnal que nos desfalecem, que nos desanimam, que trazem perdas, tristezas, amarguras, aflições e desespero, que nos tiram do equilíbrio físico, mental e espiritual. No entanto, e como o próprio OESE recomenda (continuação do item 13, capítulo V), é preciso que diminuamos a importância das coisas deste mundo, que moderemos os nossos desejos, que nos satisfaçamos com a nossa posição sem invejar a dos outros, atenuando o impacto moral dos nossos reveses e decepções.

O objetivo extraído vai no sentido de que encontremos paz e lucidez mental, permitindo-nos visualizar o ponto principal do descontentamento, do incômodo, e só então realizar satisfatoriamente a transformação (nossa/interior ou da situação), se esse for o caso, se assim for possível.

Quanto a isso, o orientador Hammed, através da psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto, explica no livro Renovando Atitudes – capítulo A arte da Aceitação – que “a atitude de aceitação é quase sempre característica dos adultos serenos, firmes e equilibrados, à qual se soma o estímulo que possuem de senso de justiça, pois enxergam a vida através do prisma da eternidade. Esses indivíduos retêm um considerável coeficiente evolutivo, do qual se deduz que já possuem um potencial de aceitação, porquanto aprenderam a respeitar os mecanismos da vida, acumulando pacificamente as experiências necessárias a seu amadurecimento e desenvolvimento espiritual.”

A seu turno, a benfeitora Joanna de ngelis, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, no seu livro Vitória sobre a Depressão (capítulo Viver com Alegria), faz importante observação quanto à encarnação da criatura, ao afirmar que “a existência física não é uma viagem miraculosa ao país da fantasia, mas uma experiência de evolução assinalada por processos de refazimento, uns e outros de conquistas inevitáveis, que geram sofrimento porque têm a finalidade de desbastar os duros metais da ignorância e aquecer o inverno do primarismo.”.

Dando continuidade à formidável orientação, Joanna de Angelis avança:

“Com a alegria de viver instalada no imo, sempre haverá uma forma de encarar os acontecimentos, concedendo-lhes validade, e deles retirando a melhor parte, como afirmou Jesus, aquela que não lhe será tirada, porque representa conquista inalienável para a mente e para o coração.
Adapta-te, desse modo, às ocorrências existenciais, alegrando-te por estares no corpo, fruindo a oportunidade de corrigir equívocos, de realizar novos tentames, de manter convivências saudáveis, de enriquecimento incessante.
A vida com alegria é, em si mesma, um hino de louvor a Deus.
Não te permitas, portanto, a convivência emocional com as manifestações negativas do caminho por onde transitas.
(…)
Alguém que cultiva a alegria de viver já possui um tesouro. Esparze-o onde te encontres e oferta-o a quem se te acerque, tornando mais belo o dia a dia de todos os seres com o sol do teu júbilo.”.

Em complementação, voltemos aos dizeres do instrutor Hammed no livro já citado, no sentido de que “aceitação não é adaptar-se a um modo conformista e triste de como tudo vem acontecendo, nem suportar e permitir qualquer tipo de desrespeito ou abuso à nossa pessoa; antes, é ter a habilidade necessária para admitir realidades, avaliar acontecimentos e promover mudanças, solucionando assim os conflitos existenciais. E sempre caminhar com autonomia para poder atingir os objetivos pretendidos.”.

Perante esses importantes ensinos e recomendações, tenhamos em nós que viver com alegria e leveza é o melhor modo de amenizar a eventual amargura das provas pelas quais passamos – jamais nos esqueçamos de que vivemos num planeta cuja principal característica é de que as aflições sobrepujam os prazeres (OESE, capítulo III, item 7).

Nunca nos permitamos olvidar que a aceitação das situações é uma postura positiva e ativa de nossa parte, mostrando o nosso poder de adaptação às conjunturas. Assim, aceitar as circunstâncias significa a materialização da destreza imprescindível para que admitamos o que nos acontece, que avaliemos tais fatos com calma e serenidade, e que efetivemos as mudanças e alterações que entendemos necessárias, desde que possíveis.

Renato Confolonieri

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa e em destaque disponível em paisagem.
Acesso em: 03/09/2023. 

Renato Confolonieri
Renato Confolonieri

Atuante no Espiritismo há 20 anos, participou por três anos e meio da entrega de sopa no Grupo Fraterno de Assistência Nossa Casa em São Paulo, articulista no periódico Ação Espírita e Membro de Reuniões Mediúnicas no Grupo Espírita Jesus de Nazaré, ambos de Marília, interior de SP.

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